Por Andrew MacAskill
LONDRES (Reuters) - O ministro da Saúde do Reino Unido, Matt Hancock, ordenou que se revise como a Inglaterra relata suas mortes de Covid-19 depois que acadêmicos disseram que as cifras diárias podem incluir pessoas que morreram de outras causas.
A maneira como a Saúde Pública da Inglaterra, agência governamental responsável pelo combate a surtos de doenças infecciosas, calcula as cifras faz com que os números possam parecer piores do que em outras partes do Reino Unido, de acordo com dois acadêmicos.
O país é o mais afetado da Europa pelo vírus – seu número oficial de mortes está em 45 mil –, mas o governo disse que comparações internacionais são enganosas porque os países registram as fatalidades de coronavírus de forma diferente.
Yoon Loke, da Universidade de Ânglia Oriental, e Carl Heneghan, da Universidade de Oxford, disseram que a Saúde Pública da Inglaterra faz verificações cruzadas das notificações mais recentes de mortes com uma base de dados de resultados de exames positivos, por isso qualquer pessoa que tenha sido diagnosticada pode ser registrada como uma vítima fatal do vírus.
"Matt Hancock fará uma revisão destas estatísticas com a Saúde Pública da Inglaterra", disse o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, em uma coletiva de imprensa nesta sexta-feira.
Em um blog chamado "Por que ninguém pode se recuperar da Covid-19 na Inglaterra", os acadêmicos disseram que pacientes que tiveram exames positivos de coronavírus, mas são tratados com sucesso, ainda serão contados como mortos do vírus "mesmo se tiverem tido um infarto ou sido atropelados por um ônibus três meses depois".
Eles disseram que é por isso que os números de mortos da Inglaterra variam consideravelmente de um dia para o outro.
A mesma abordagem não é usada em outras partes do Reino Unido. Na Escócia, existe um prazo de 28 dias após o qual um paciente positivo não é automaticamente considerado como uma fatalidade do vírus.
Cifras do Escritório de Estatísticas Nacionais sobre mortes excedentes em solo britânico mostram que um número superior a 64 mil pessoas a mais do que o normal morreram durante a pandemia de coronavírus. Muitos especialistas de saúde se concentram nestes valores, e não no número oficial de vítimas da Covid-19.