Por Shivam Patel e Sinead Cruise e Tom Wilson
BENGALURU, Índia (Reuters) - O banco norte-americano de criptomoedas Voyager Digital disse na quarta-feira que entrou com pedido de recuperação judicial, engrossando a lista de companhias abaladas pela queda drástica nos preços dos ativos digitais.
Na semana passada, a Voyager disse que emitiu um aviso de inadimplência para o fundo de hedge de criptomoedas Three Arrows Capital (3AC), com sede em Cingapura, por não fazer pagamentos de um empréstimo de criptomoedas equivalente a mais de 650 milhões de dólares. O 3AC entrou com pedido de recuperação através de uma regra (Chapter 15) que permite que os devedores estrangeiros protejam seus ativos nos Estados Unidos, tornando-se um dos investidores de maior destaque atingidos pela queda dos preços das criptomoedas. “A volatilidade e o contágio prolongado nos mercados de criptomoedas nos últimos meses e a inandiplência da Three Arrows Capital em um empréstimo da subsidiária da empresa, Voyager Digital, exigem que tomemos medidas decisivas agora”, disse o presidente-executivo da Voyager, Stephen Ehrlich, em comunicado.
Em seu pedido, a Voyager - com sede em Nova Jersey, mas listada em Toronto - estimou que tinha mais de 100 mil credores e algo entre 1 bilhão e 10 bilhões de dólares em ativos e passivos no mesmo valor.
A Voyager assinou no mês passado um acordo com a trading Alameda Ventures, fundada por Sam Bankman-Fried, presidente-executivo da corretora FTX, para uma linha de crédito rotativo. Um documento enviado ao tribunal de falências em Nova York mostrou que a Alameda é o maior credor individual da Voyager, com empréstimos não garantidos de 75 milhões de dólares.
A Alameda não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
Em uma mensagem aos clientes no Twitter, Ehrlich disse que o processo de recuperação judicial protegerá os ativos e "maximizará o valor para todas as partes interessadas, especialmente os clientes".
A Voyager disse nesta quarta-feira que tinha mais de 110 milhões de dólares em dinheiro e ativos digitais em mãos. O banco pretende pagar os funcionários da maneira usual e continuar seus principais benefícios e determinados programas para clientes sem interrupção.
A Voyager contratou Moelis & Company e The Consello Group como consultores financeiros, Kirkland & Ellis como consultor jurídico e Berkeley Research Group como consultor de reestruturação.
(Por Shivam Patel, Sinead Cruise e Tom Wilson; reportagem adicional de Ann Maria Shibu)