Washington, 9 jun (EFE).- O presidente do Federal Reserve dos
Estados Unidos, Ben Bernanke, afirmou hoje perante o Congresso que a
economia está caminhando rumo a uma contínua expansão nos próximos
dois anos, mas também pediu medidas para reduzir o grande déficit.
Durante uma audiência do Comitê de Orçamento da Câmara dos
Representantes, Bernanke disse que o déficit fiscal deverá diminuir
nos próximos anos conforme a recuperação da economia e dos mercados
financeiros continuar.
No entanto, também falou da necessidade de tomar medidas para
manter o orçamento de forma sustentável porque, na sua opinião, o
crescimento econômico por si só não será suficiente para sanar as
finanças do país.
"A menos que como nação firmemos um forte compromisso com a
responsabilidade fiscal, a longo prazo não teremos nem a
estabilidade financeira nem um crescimento econômico saudável",
advertiu em seu testemunho.
Segundo Bernanke, a despesa dos consumidores, que está ao redor
dos 70% do Produto Interno Bruto dos EUA, aumentará a um ritmo
"moderado", levando em conta a profundidade da recessão, enquanto os
investimentos do setor privado manterão sua tendência de alta.
Nesse sentido, Bernanke espera que a economia cresça entre 3,5% e
4% este ano, e "um pouco mais rápido" em 2011.
Embora haja uma melhoria do mercado de trabalho, continuou, "será
preciso um tempo significativo para recuperar os quase 8,5 milhões
de postos de trabalho que se perderam entre 2008 e 2009".
Por outro lado, o presidente do Fed considerou que a crise da
dívida na Europa "provavelmente" terá um efeito "modesto" sobre o
crescimento econômico dos EUA, cuja economia está em condições de
suportar o ajuste fiscal que se avizinha.
O presidente do banco central americano ressaltou que
precisamente os problemas da dívida soberana da Europa apontam para
a necessidade de manter a saúde financeira dos Estados Unidos.
Bernanke assinalou que "as ações empreendidas pelos governantes
europeus representam um compromisso firme para resolver as tensões e
estabelecer a confiança e a estabilidade do mercado".
"Embora a queda recente dos preços das ações e as perspectivas
econômicas mais débeis na Europa devem deixar alguma marca na
economia de EUA, os fatores de contrapeso incluem baixas nas taxas
de juros nos bônus do Tesouro e das hipotecas como, além disso,
preços mais baixos do petróleo e outras matérias-primas",
acrescentou.
Não é a primeira vez esse ano que Bernanke faz advertências sobre
o déficit fiscal nos EUA, e a julgar pelas declarações de líderes do
Congresso e analistas econômicos, também não foi o único.
O orçamento solicitado pelo Governo de Obama para o ano fiscal
2011, que começa em outubro, projeta um déficit de US$ 1,6 trilhão.
Isso, por sua vez, representa 10,6% do PIB dos EUA, o maior
déficit desde a Segunda Guerra Mundial.
A meta do Governo é reduzir esse nível a 3,9% do PIB para 2014,
mas, mesmo assim, esse número é superior aos 3% que os analistas
consideram "sustentável".
A recessão econômica, a pior desde a Grande Depressão da década
de 1930 nos EUA, se transformou em um dos assuntos políticos mais
urgentes do país frente às eleições legislativos do dia 2 de
novembro.
Em abril, o Comitê de Mercado Aberto do Federal Reserve tinha
previsto que a expansão econômica oscilaria entre os 3,2% e os 3,7%
este ano, enquanto a taxa de desemprego registra uma média entre
9,1% e 9,5% no último trimestre do ano.
Esses números poderiam mudar, no entanto, quando o "Fed" emitir
suas novas projeções durante sua próxima reunião entre os dias 22 e
23 de junho. EFE