Sam Bankman-Fried, CEO da exchange FTX, foi o mais recente a criticar a rede do Bitcoin (BTC). Em uma entrevista ao Financial Times, Bankman-Fried disse que o BTC não vai escalar como uma rede de pagamentos.
Na verdade, o executivo afirmou que o BTC em si não serve como uma rede de pagamentos. No entanto, ele ressaltou que a criptomoeda tem potencial como reserva de valor.
“A rede Bitcoin não é uma rede de pagamentos e não é uma rede escalável”, disse Bankman-Fried ao Financial Times.
Culpa da Prova de Trabalho
De acordo com Bankman-Fried, o principal obstáculo está na forma de mineração do BTC. Mais especificamente, a criptomoeda utiliza o algoritmo de Prova de Trabalho (PoW), que valida as transações de BTC.
Nos últimos anos, o PoW passou a ser criticado por ambientalistas e governos. Embora a maior parte da mineração utilize energia limpa e renovável, a atividade é vista como poluente e prejudicial. O argumento foi utilizado pelo governo da China em 2021 para banir a mineração de BTC do país.
Mas uma coisa é fato: as transações do BTC não são particularmente rápida. De acordo com dados extraídos do Blockchain.com, o número médio de transações por segundo (TPS) no Bitcoin nos últimos 30 dias é de aproximadamente 2,58.
Quando comparado às redes de pagamentos tradicionais, como Visa ou Mastercard, o desempenho do Bitcoin é muito mais lento. Esta foi a crítica de Bankman-Fried, segundo a qual o BTC não poderia ser utilizado como moeda.
Todavia, a escalabilidade do BTC está sendo construída por meio de segundas camadas, como a Lightning Network. Nestes casos, o BTC poderia suportar milhões de TPS, superando de longe a capacidade da Visa e da Mastercard, bem como da maioria das criptomoedas.
O próprio Bankman-Fried admitiu essa possibilidade em um tuíte escrito após a entrevista no Financial Times.
“Para ser claro, eu também disse que (o Bitcoin) tem potencial como reserva de valor. A rede [Bitcoin] não pode sustentar milhares/milhões de TPS, embora o BTC possa ser [transferido] via Lightning, segundas camadas, etc”, complementou.
CEO da FTX recorre a alternativas
Ao passo que lançava críticas sobre o BTC, Bankman-Fried também falou sobre alternativas. Nesse sentido, o CEO da FTX defendeu as criptomoedas que utilizam Prova de Participação (PoS). Em suas palavras, estas redes oferecem os baixos custos e altas velocidades de transação.
“As coisas com as quais você está fazendo milhões de transações por segundo precisam ser extremamente eficientes, leves e com menor custo de energia. Redes com prova de participação são”, disse Bankman-Fried.
Esses tipos de redes consomem muito menos energia. Em vez de manter um farm de computadores ininterrupto para minerar Bitcoin, as redes PoS contam com validadores que “apostaram” (ou depositaram) uma grande quantidade de criptomoeda nativa da rede.
Ao desempenharem suas funções corretamente, esses validadores ganham um rendimento. Se, no entanto, validarem transações fraudulentas, serão punidos com a perda de uma parte dos fundos inicialmente apostados.
Mas as redes PoS também são criticadas, especialmente por dois fatores: menor segurança contra ataques (pois não são protegidas via poder computacional) e risco de concentração (quem tiver mais moedas pode controlar a rede).