A empresa de análise de dados Chainalysis publicou um novo relatório focado nas atividades ilícitas que ocorrem nas blockchains. De acordo com o documento, os protocolos de finanças descentralizadas (DeFi) são os alvos preferenciais de hackers.
Nesse sentido, 97% de todos os ataques do mercado de criptomoedas tiveram como alvo esses protocolos. Menos de 3% tiveram como alvo as exchanges descentralizadas (CEX, na sigla em inglês).
Ao mesmo tempo, os casos de lavagem de dinheiro também cresceram. Foram 650 mil mil Ether (ETH) movimentados através de transações ilícitas. O valor corresponde a cerca de R$ 6,7 bilhões na cotação em reais.
DeFi como alvo dos ataques Desde que as DeFi tiveram seu auge em2020, as transações ilícitas neste mercado aumentaram na mesma proporção. De fato, a lavagem de dinheiro e os ataques a protocolos DeFi foram as duas principais atividades criminosas deste mercado.
No total, US$ 1,7 bilhão em ativos digitais foram roubados por hackers em 2022. Deste total, 97% foram provenientes de ataques a protocolos DeFi. O valor estabeleceu um novo recorde, superando o quarto trimestre de 2021, quando o percentual alcançou 74%.
Aumento de ataques a protocolos DeFi
De acordo com a Chainalysis, o alto percentual registrado em 2022 ocorreu por causa de dois ataques. O primeiro foi o roubo de US$ 625 milhões na Ronin, o maior ataque da história das criptomoedas. Antes dele veio o ataque ao protocolo Wormhole, em fevereiro, que causou, US$ 320 milhões em fevereiro. Ou seja, US$ 945 milhões dos US$ 1,64 bilhão roubados em DeFi vieram apenas de dois ataques.
Em termos de países, a Coreia do Norte foi o grande destaque do relatório. A partir de 2022, a maioria dos fundos (mais de US$ 840 milhões) foram roubados por hackers ligados ao país. Em abril, os autores do ataque a Ronin foram identificados como o grupo norte-coreano Lazarus.
Volume de roubos ligados a hackers da Coréia do Norte. Fonte: Chainalysis.
Lavagem de dinheiro via DeFi
Além de ataques hackers, a lavagem de dinheiro realizada via DeFi também cresceu consistentemente nos últimos anos. Os protocolos Defi responderam por 69% dos fundos de criptomoedas associados a atividades criminosas.
Nesse sentido, a Chainalysis atribuiu a natureza da maioria dos protocolos – permitindo que os usuários negociem um token por outro – à dificuldade de rastrear o movimento dos ativos digitais. Além disso, boa parte dos projetos não possui requisitos de identificação de cliente (KYC). Dessa forma, eles acabam se tornando atraente para o uso criminoso.
O relatório usou o exemplo do notório grupo Lazarus, ligado para Coréia do Norte, que lavou US$ 91 milhões em criptomoedas no ano passado. O grupo supostamente trocou tokens roubados por ETH e Bitcoin (BTC), transferiu-os para contas em exchanges centralizadas e em seguida sacou os ativos.
Lavagem de dinheiro com NFT Por fim, o relatório também apresentou dados sobre o mercado de NFTs. Especificamente, a Chainalysis alertou para a lavagem de dinheiro, uma forma de manipulação que infla artificialmente um ativo sem liquidez.
Ganhos de tokens através da lavagem de dinheiro com NFTs
O relatório identificou um exemplo que gerou mais de 650 mil Wrapped Ether (WETH) no volume de transações através da manipulação. Os incidentes ocorreram na mesma plataforma porque o mercado pagou recompensas de incentivo pela negociação de NFTs.
“As duas carteiras de comércio de lavagem fizeram mais de 106 milhões de tokens de recompensas, atualmente no valor de mais de US$ 185,5 milhões. As taxas de gás nas negociações de lavagem totalizam apenas US$ 114,6 milhões em taxas de gás, dando aos hackers um lucro de quase US$ 71 milhões”, disse a Chainalysis.