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Conheça as diferenças e riscos entre custódia de ações e de criptomoedas

Publicado 23.08.2021, 04:00
Conheça as diferenças e riscos entre custódia de ações e de criptomoedas
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Na última quinta-feira (19), a exchange japonesa Liquid foi hackeada e teve parte dos fundos de suas carteiras roubados. O ataque teve como resultado o roubo de R$ 430 milhões em Bitcoin (BTC), Ether (ETH) e outras criptomoedas.

Além de fazer o mercado virar para baixa, o ataque à Liquid voltou a despertar atenção sobre a custódia de criptomoedas. De fato, muitos usuários ainda confundem o mercado de criptomoedas com bancos ou corretoras tradicionais. Portanto, confira agora quais as diferenças e como proteger suas criptomoedas contra roubos.

Exchange não é banco nem corretora

Tradicionalmente, o ser humano sempre deixou seu dinheiro guardado em bancos. Seja pela praticidade e segurança, seja para fugir da inflação, pouquíssimas pessoas armazenam reais em cofres ou em casa. O terceiro de confiança, portanto, faz parte da cultura humana.

Nesse sentido, bancos e corretoras estão entranhados no dia a dia do investidor, que os utiliza para guardar seus investimentos. No Brasil, o principal agente de mercado para custódia de ativos é a Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC).

Criada em 1997 a CBLC é responsável por custodiar, liquidar e garantir operacionalmente todas as transações que são realizadas na Bolsa de Valores. Cada negociação de ações e outros ativos é registrada e processada por esse órgão.

Isto é, quando você negocia a compra de 10 ações da Vale (SA:VALE3), por exemplo, é a CBLC que registra essas ações em seu nome. Não importa qual a corretora onde você tenha conta, as ações não são custodiadas lá. Assim, se a corretora falir, as ações não desaparecem, pois a CBLC é quem garante os registros de custódia.

Todavia, não existe uma CBLC para o mercado de criptomoedas. Quando você deposita Bitcoin em uma exchange, aquele dinheiro está, na prática, sob custódia da própria empresa. Dessa forma, seus BTC estão totalmente nas mãos da empresa e sujeitos ao risco de segurança de cada plataforma.

“A vantagem do investimento em ativos em corretoras que chamamos de “tradicionais”, é que o histórico de insolvência ou golpes é inexistente. Já no mercado de criptomoedas, todos os anos conhecemos novas histórias de bilhões roubados ou que por algum motivo sumiram e não ficaram disponíveis para o cliente”, alerta Felipe Escurdero, criador do canal BitNada.

Centralização é ponto fraco do sistema tradicional

Em suma, o sistema de custódia de ações é realizado de forma centralizada via a CBLC, que detém o monopólio do setor, ao passo que nas criptomoedas, o usuário pode realiza a custódia do seu dinheiro. Ao incluir a exchange como um custodiante, essa vantagem é rapidamente perdida.

No caso do sistema tradicional, a CBLC é, até o momento, uma plataforma confiável. Apesar de várias corretoras terem falido ao longo dos anos, nenhuma ação jamais foi roubada da CBLC. No entanto, o sistema está sujeito a falhas inerentes a qualquer monopólio.

“O sistema (CBLC) funciona bem, mas tem problemas de custos, não há liberdade de escolha e possui riscos da empresa. Já nas criptomoedas, a custódia é realizada de forma descentralizada. Não há necessidade de deixar a custódia com a exchange, pois o usuário pode fazer ele mesmo a sua custódia”, disse João Paulo Oliveira, CEO da Nox Bitcoin.

Esse ponto, aliás, é fruto de muitas críticas do mercado tradicional ao BTC. De maneira errônea, esses críticos comparam os ataques às exchanges como se fossem ataques ao protocolo do BTC. No entanto, a exchange apenas intermedia negociações de criptomoedas.

Se um usuário deixar suas criptomoedas em uma carteira pessoal, nenhum hacker terá acesso a esse dinheiro. Ao permitir a realização de custódia por conta própria, as criptomoedas dispensam o uso de plataformas como corretoras e a CBLC.

Custódia de ações evoluiu com o tempo

Aliás, o próprio mercado de ações já teve um modelo parecido e tão descentralizado quanto as criptomoedas. Antes do pregão eletrônico e dos serviços de custódia, as ações de empresas eram emitidas em papéis oficiais. O próprio termo “papel” é utilizado como jargão do mercado até hoje.

Esses papéis continham dados sobre a quantidade de ações o investidor detinha em cada empresa. A custódia desses papéis geralmente era feita em bancos ou nos cofres pessoais dos investidores. Haviam também os papéis destinados ao portador, ou seja, que davam a quem os portava o direito às suas ações.

Curiosamente, os problemas de custódia dessas ações eram similares aos problemas da custódia de criptomoedas. As principais ameaças eram justamente a perda ou o roubo, que poderiam representar a destruição de fortunas inteiras.

“Existiam os papéis de ações ao portador, que dava ao portador do papel a propriedade sobre a ação. Nesse modelo, a posse da ação podia ser feita pelo acionista dentro de casa. Esse modelo, porém, tinha um risco: se a pessoa perdesse o papel, ou ele fosse roubado, dado que era uma ação ao portador, quem o encontrasse passaria a ser o dono daquela ação”, explica Oliveira.

Da mesma forma, perder a senha de uma carteira de criptomoedas significa perder aquele dinheiro para sempre. Essa perda pode ser permanente, se a senha não puder ser localizada, e também pode dar a quem a encontrar acesso às criptomoedas da carteira mesmo não sendo o dono original.

Cuidados com segurança

Como resultado do surgimento das criptomoedas, as pessoas ganharam mais liberdade. Fortunas inteiras podem ser armazenadas no bolso e levadas para qualquer lugar. Porém, grandes poderes trazem grandes responsabilidades, especialmente quando envolvem grandes somas de dinheiro.

“A grande vantagem das criptomoedas é a liberdade de ter sua própria custódia. E com isso, uma grande responsabilidade de manter seu dinheiro seguro por conta própria”, destaca Escudero.

Dito isso, a custódia por conta própria pode ser realizada desde que o usuário tome alguns cuidados. Ter uma carteira segura, guardar bem suas chaves, não colocar todas suas criptomoedas em um só dispositivo. O importante é não depender das exchanges, as quais estão longe de serem bancos.

“O usuário deve manter a custódia das criptomoedas em sua própria carteira, preferencialmente uma carteira fria como Ledger ou Trezor. Obviamente, esses dispositivos são caros e pouco acessíveis para a maioria das pessoas. Mesmo assim, é recomendável que o usuário não deixe todas as suas criptomoedas na exchange, pois se a plataforma for vítima de um ataque, o risco de perder todo seu dinheiro é alto”, finalizou Oliveira.

Por CriptoFácil

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