Investing.com – Após um inverno cripto, escândalos mundiais e tratativas para regulamentações, o ano que vem deve ser notável para os criptoativos, caso as condições macroeconômicas parem de atrapalhar, segundo a gestora Hashdex. Em relatório Crypto Investment Outlook, divulgado aos clientes e ao mercado, a companhia global apontou que acredita também que os fundamentos dos protocolos Defi ficam mais fortes.
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Condições macro mais “comuns”
Na visão de João Marco Cunha, Portfolio Manager da Hashdex, a alta da inflação, levando a medidas de aperto monetário, resultou em um ano péssimo para a maioria dos ativos financeiros. Nesse cenário, as criptomoedas também passaram por tempos conturbados,
“A correlação entre criptoativos e ativos tradicionais foi positiva desde a crise da covid-19, mas atingiu níveis recordes em 2022”, afirma Cunha. A expectativa é de que o ano que vem seja menos tenso, ainda que com ameaças à frente, diante de inflação ainda elevada em muitos países.
Para o especialista, ainda que a inflação caia, as divergências entre as projeções e os fatos podem ter um grande impacto nos mercados. “Os criptoativos não devem se desacoplar dos ativos de risco tradicionais. É improvável que a correlação volte aos níveis elevados (acima de 0,8) registrados em meados de 2022, mas também não é razoável esperar o comportamento não correlacionado observado antes da pandemia.”
Fundamentos Defi mais fortes
O ano de 2022 deve ser lembrado como um período de teste de estresse para os ativos de finanças descentralizadas (Defi), que também sofreram com o ambiente macro. No entanto, Pedro Lapenta, Head of Research, acredita que os fundamentos seguem fortes.
“Os agentes falidos durante esse ano foram as instituições de CeFi (finanças centralizadas). Em contraste, Aave, Compound, Uniswap, MakerDao e muitos outros protocolos DeFi de ponta funcionaram extremamente bem. Eles processaram e liquidaram todas as transações e não exigiram nenhum suporte externo, provando que contratos inteligentes transparentes, auditáveis e altamente previsíveis podem ser muito mais eficientes em tempos estressantes”, reforça.
Lapenta enxerga que as soluções de DeFi devem ser mais integradas às finanças tradicionais (TradFi), como foi visto em medidas do JP Morgan, SWIFT e caixas eletrônicos no Brasil. “Outras áreas nas quais esperamos crescimento em 2023 incluem a implantação de serviços de DeFi em soluções de escalabilidade como Polygon e zkRollups, maior diversificação das alternativas de liquid staking para ajudar o setor a se expandir em muitas redes e uma importância crescente do Bitcoin, à medida que mais soluções de DeFi em sua blockchain ganham tração e a interoperabilidade se torna cada vez mais relevante”, completa.