Jim Cramer, apresentador do famoso programa Mad Money, da CNBC, voltou a mudar de opinião sobre as criptomoedas. Agora, Cramer afirmou que todo o mercado entrará em colapso por causa da política de juros do Federal Reserve (Fed).
De acordo com Cramer, o novo programa de aumento da retirada de liquidez dos mercados é um risco para as criptomoedas. Na sua visão, este programa “acabará com todos os ativos especulativos”, entre os quais Cramer inclui o Bitcoin (BTC).
“Olha, o chefe do Fed, Jay Powell, nos disse que precisamos parar de fazer coisas estúpidas com nosso dinheiro. O que importa é que temos que passar por isso (aumento de juros) intactos. Não seja um idiota. Não compre ações supervalorizadas nem criptomoedas”, disse Cramer.
Além de se comprometer com novos aumentos de juros para controlar a inflação, o Fed aumentou a intensidade na redução do seu balanço. Conforme explicado em seu cronograma oficial, o Fed aumentou de US$ 47 bilhões para US$ 95 bilhões o montante de venda de ativos nos mercados, a partir da quinta-feira (1).
Essas vendas de ativos tem por objetivo reduzir a quantidade de dinheiro na economia e, portanto, tentar controlar a inflação. Contudo, muitos analistas temem que esta política faça o preço dos ativos mais arriscados cair ao redor do mundo e também nos Estados Unidos.
“Bitcoin não é ativo de proteção”, diz Cramer
Cramer acredita que com essa política, o Fed tem a capacidade de eliminar todos os projetos que possam ser descritos como “apostas”. Afinal, com menos dinheiro no mercado, os investidores tendem a preferir não arriscar na hora de investir.
Nesse sentido, empresas de tecnologia mais arriscadas, sobretudo as que não dão lucro (como Uber (NYSE:UBER) e Netflix (NASDAQ:NFLX)) podem sofrer grandes correções. As criptomoedas também entrariam nesse grupo, dada a sua forte volatilidade e altíssimos riscos.
No entanto, a instituição também pode prejudicar empresas mais sólidas no processo, acrescentou o americano, já que os investidores tendem a enxergar setores como um todo. Logo, mesmo as empresas mais sólidas devem sofrer com a correção.
O mesmo ocorre com o BTC, que embora seja a mais sólida entre as criptomoedas, sofre o contágio do mercado. Além disso, a criptomoeda possui uma forte correlação com o índice de ações de tecnologia, o Nasdaq 100
No início desta semana, o CEO da Bitfury, Brian Brooks, também abordou o Fed e como sua abordagem para combater a inflação prejudica o BTC
“Conversamos sobre a ideia de que o Bitcoin é um hedge de inflação. Quanto mais o mercado espera uma política dura do Fed, mais as pessoas pensam que o banco central manterá uma postura agressiva, e isso tende a prejudicar o Bitcoin”, disse.
Seus pensamentos anteriores
É seguro dizer que Cramer está entre os indivíduos que frequentemente mudam sua visão a respeito do mercado de criptomoedas, principalmente com base nos preços. Ou seja, se os preços sobem, o apresentador fica otimista; se há uma correção, Cramer fala contra o mercado.
Por exemplo, em 2018, quando o preço do BTC caiu abaixo de US$ 4.000, Cramer o descreveu como uma “moeda fora da lei”. Contudo, quando o BTC atingiu sua máxima em quase 70 mil, o apresentador disse que receberia seu salário na criptomoeda.
Depois, quando a China voltou a proibir as negociações de criptomoedas, Cramer novamente mudou de opinião, afirmando que vendeu quase todos os seus BTC. O apresentador chamou o mercado de “um jogo do mais tolo” e que seu investimento era somente uma “aposta”.
Em junho desse ano, ele mudou de ideia outra vez, dizendo que BTC e Ether (ETH) “parecem os mais legítimos” do mercado. Como Cramer, ele recomendou que os investidores interajam apenas com esses dois e nunca façam empréstimos para entrar no mercado.