A exchange norte-americana Gemini divulgou um relatório sobre a adoção global de criptomoedas, conforme relatou a Reuters. Os resultados mostram duas surpresas: Brasil e Indonésia lideram em porcentagem de pessoas que possuem ativos digitais.
De acordo com o relatório, cerca de 41% dos brasileiros e dos indonésios possuem criptomoedas em seu portfólio. Em contrapartida, países ricos como Estados Unidos e o Reino Unido estão muito atrás, com 20% e 18%, respectivamente
O relatório entrevistou cerca de 30 mil pessoas em 20 países.
Brasil e Indonésia: os líderes globais
A pesquisa da Gemini dividiu os países em quatro grupos, conforme o percentual de adoção de criptomoedas. O primeiro grupo é dos países com menos de 20% de adoção, seguido do grupo de 20 a 29% e 30 a 39%. Por fim, há o grupo de 40% ou mais, no qual apenas Brasil e Indonésia estão presentes.
Depois dos dois países, os Emirados Árabes Unidos possuem a maior taxa de adoção, com 35% dos entrevistados possuindo criptomoedas. Essa taxa é explicada pela estrutura empresarial do país, que possui zonas especiais para empresas de criptomoedas.
Em seguida veio Cingapura, com uma taxa de adoção estimada em 30%.
Segundo a exchange, pessoas de nações que experimentaram uma crise econômica significativa nos últimos meses estão muito mais inclinadas a comprar moedas digitais. Nesse sentido, as criptomoedas funcionam como uma cobertura contra a inflação e as crises locais.
No caso da Indonésia, esta tese é amplamente consolidada: 64% dos indonésios questionados, por exemplo, acreditam nesse conceito. Há também o potencial de valorização das criptomoedas a longo prazo como motivo que leva a uma maior adoção.
Países desenvolvidos chegam tarde
Se os países em desenvolvimento abraçaram as criptomoedas, o caso é diferente nas maiores economias do mundo. O país com a maior taxa de adoção neste grupo é os Estados Unidos, mas apenas 20% dos estadunidenses da pesquisa admitiram ter criptomoedas.
A Noruega vem em segundo lugar com 19% de adoção, seguida do Reino Unido com 18%. Dos 20 países analisados, Dinamarca e Quênia possuem as menores taxas de aceitação às criptomoedas, com 15% cada.
Por outro lado, a tese de proteção contra a inflação não é bem aceita por esses países. De fato, apenas 16% dos entrevistados americanos e 15% dos europeus concordaram que as criptomoedas protegem contra a inflação.
Isso é explicado pelo fato desses países contarem com moedas fortes e níveis de inflação mais baixos do que os países mais pobres. Ou seja, as populações dos EUA e da Europa possuem um maior grau de confiança em suas moedas.
Posteriormente, a Gemini determinou que quase 50% de todos os investidores de criptografia nos EUA, na América Latina, e na região da Ásia-Pacífico fizeram suas primeiras compras em 2021.
Qual é o ambiente de criptografia no Brasil e na Indonésia? Vale a pena observar o ecossistema de ativos digitais, os últimos desenvolvimentos, e a atitude do governo em relação à indústria nos principais países da pesquisa – Brasil e Indonésia.
Apesar das críticas ao PL 2303/2015, o Brasil possui uma legislação muito mais amigável do que a Indonésia. No início deste ano, o prefeito do Rio de Janeiro – Eduardo Paes – apresentou suas intenções para alocar 1% do tesouro da cidade em BTC.
Na semana passada, as autoridades da Cidade Maravilhosa anunciaram que os residentes poderão pagar seu IPTU em criptomoedas a partir de 2023. Além disso, o uso do BTC não é proibido no país, que conta com várias exchanges nacionais e estrangeiras operando.
Contudo, a forte adoção na Indonésia ocorrem sem o aval do governo. Há uma proposta de proibir o uso de criptomoedas no país, emitida pelo National Ulema Council (MUI), o principal órgão de estudos do país.
De acordo com a MUI, a proibição se baseia na lei da Sharia, utilizada em muitos países muçulmanos. A instituição classificou a indústria de criptomoedas como “Haram” (proibida). Pouco depois, outra entidade islâmica – Tarjih Muhammadiyah – emitiu um comunicado contra o emprego de ativos digitais.