Os grandes investidores de criptomoedas, conhecidos como “baleias”, são extremamente importantes para dar liquidez ao mercado. No entanto, nem todos agem conforme as leis. E pelo menos US$ 25 bilhões em criptomoedas estão nas mãos das chamadas “baleias criminosas”.
CONFIRA: Cotações das criptomoedas
Esta definição foi cunhada em um novo relatório da Chainalysis, intitulado 2022 Crypto Crime Report. Divulgado na quarta-feira (16), o relatório traz dados sobre crimes envolvendo criptomoedas.
De acordo com a empresa, os US$ 25 bilhões de criptomoedas estão nas mãos de 4.068 grandes investidores. São cerca de R$ 129 bilhões na cotação atual.
A empresa define “baleias criminosas” com base em dois critérios. Primeiro, a carteira deve conter US$ 1 milhão ou mais em criptomoedas. Segundo, o endereço deve ter recebido 10% ou mais desses fundos por meio de endereços ilícitos. Em outras palavras, nem todos esses US$ 25 bilhões são fundos ilícitos.
Origem dos saldos
Duas descobertas neste relatório são o centro das atenções: o aumento nos saldos de criptomoedas que vêm do crime e as razões para esse aumento.
No primeiro caso, houve um aumento substancial e progressivo desse valor. Em 2020, essas baleias detinham apenas US$ 3 bilhões de 2021 em saldos ilícitos. O valor cresceu quase 300% em 2021, atingindo US$ 11 bilhões. Entre 2021 e 2022, o aumento foi de quase 100%.
Conforme a Chainalysis, esse aumento foi graças ao aumento nos valores das criptomoedas em 2021. No entanto, a quantidade de ataques hackers também levaram esse número a crescer.
“O aumento na quantidade de hacks que ocorreram este ano também contribuiu para a quantidade de fundos detidos por hackers após um evento de hacking”, disse Kim Grauer, chefe de pesquisa da Chainalysis.
Dos US$ 11 bilhões em saldos ilícitos no final de 2021, fundos roubados representaram 93% ou US$ 9,8 bilhões. Dinheiro oriundo da darknet respondeu por US$ 448 milhões, enquanto outros valores foram:
- scams com criptomoedas (US$ 192 milhões);
- fraudes em sites (US$ 66 milhões);
- ataques de ransomware (US$ 30 milhões).
Por fim, um terceiro aspecto que aumentou esse número foi a apreensão de 94 mil Bitcoins (BTC) roubados da Bitfinex em 2016. O valor total foi de US$ 3,6 bilhões, o que serviu para aumentar os números de 2022.
Baleias criptográficas criminosas em 2021
Além do aumento nos saldos ilícitos em 2021 – e o grau em que os fundos roubados se destacaram além de outras métricas – a Chainalysis descobriu que os saldos criminais também flutuaram ao longo do ano.
Em julho, eles atingiram um mínimo histórico de US$ 6,6 bilhões, chegando a um pico de US$ 14,8 bilhões em outubro. Esses números, relatórios da Chainalysis, reiteram a importância da agilidade nas investigações sobre roubos com criptomoedas.
“As flutuações são um lembrete da importância da velocidade nas investigações de criptomoedas, pois os fundos ilícitos que foram rastreados com sucesso no blockchain podem ser liquidados rapidamente”, disse o relatório.
Quantas baleias criminosas existem?
Por fim, a Chainalysis também descobriu o percentual de baleias criminosas dentro do mercado. Segundo os dados, elas representam 3,7% de todas as baleias do mercado de criptomoedas.
Por meio da relação de fuso horário, a Chainalysis conseguiu até identificar a localização aproximada dessas baleias. Nesse sentido, os maiores endereços estão em grandes cidades russas como Moscou e São Petersburgo, além de países como África do Sul, Irã e Arábia Saudita.
“A capacidade de rastrear eficientemente baleias criminosas e quantificar suas posses a partir de um conjunto de dados públicos é uma grande diferença entre crimes baseados em criptomoedas e crimes baseados em moeda fiduciária”, acrescentou Chainalysis.