Miriam Burgués.
Medellín (Colômbia), 11 jun (EFE).- O candidato presidencial
colombiano Antanas Mockus, do Partido Verde, expôs hoje seu plano de
Governo para o setor educativo, um dos pilares de sua campanha, além
do giro que pretende dar ao modelo econômico do país, para que a
Colômbia comece a "exportar conhecimento".
"Não vamos ser puros exportadores de carvão, gás e petróleo.
Vamos exportar conhecimento", disse Mockus aos jornalistas, no Museu
de Arte Moderna de Medellín, durante um ato com centenas de
simpatizantes, em sua maioria jovens.
A nove dias do segundo turno de 20 de junho, Mockus centrou seu
discurso em enfatizar que cada voto é importante, porque ele "não é
o mesmo que seu rival".
Em sua opinião, aqueles que têm a "responsabilidade" de melhorar
a Colômbia "não estão pensando grande", apenas em como "sobreviver
no curto prazo", com um modelo econômico ao qual falta
"competitividade".
O combate às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc),
uma das bandeiras da política de "segurança democrática" do
presidente Álvaro Uribe, "é um tema muito importante, mas já que
elas atuam em uma região limitada, pensemos grande", disse Mockus.
"Todos dizem que a educação é importante, mas ninguém a
incentiva, porque os resultados são colhidos dez ou 15 anos depois",
disse Mockus, que é matemático, filósofo e ex-prefeito de Bogotá.
O encarregado de apresentar o programa educativo que o Partido
Verde aplicará se chegar ao Governo foi Sergio Fajardo, ex-prefeito
de Medellín e candidato a vice-presidente.
Na Colômbia, a educação deve ser "um motor de transformação
social", disse Fajardo em sua primeira aparição pública depois de
uma operação no quadril que o manteve afastado da campanha durante
semanas.
"Um projeto de vida começa por um projeto educativo", insistiu
Fajardo.
O candidato a vice criticou o fato de que "nunca na história" da
Colômbia se tenha pensado em criar um imposto "extraordinário" para
financiar a educação, com foi o "imposto à guerra" do Governo de
Uribe, usado sobretudo para fortalecer as Farc e com o qual foram
arrecadados mais de 10 trilhões de pesos (US$ 5 bilhões).
Para Rosário, uma das mulheres que assistiu ao ato de hoje em
Medellín, "um povo educado segue adiante" e, por isso, disse à
Agência Efe que votará em Mockus no dia 20 de junho e completou:
"Ele é um homem honesto".
"Estamos cansados dos partidos tradicionais e da corrupção.
Queremos algo novo", afirmou, ao contar que, em sua família, até sua
mãe, de 88 anos, uniu-se à "onda verde" e votou em Mockus no
primeiro turno.
Apesar de as últimas enquetes darem uma folgada vitória no
segundo turno a Juan Manuel Santos, ex-ministro da Defesa e
candidato apoiado por Uribe, Mockus advertiu hoje que pode haver uma
"surpresa", como aconteceu no dia 30 de maio.
Para o primeiro turno, as pesquisas previam um empate entre
Santos e Mockus, mas o candidato governista conquistou mais de 25
pontos de vantagem sobre seu rival.
Se apenas "a metade" dos aproximadamente 51% eleitores que não
votaram no dia 30 de maio for às urnas no segundo turno, essa
"surpresa" pode acontecer, disse Mockus aos jornalistas e pediu que
as pessoas atuem "com responsabilidade" e exerçam seu direito ao
voto.
No entanto, os analistas preveem que, em um país onde o voto não
é obrigatório, a abstenção de 20 de junho seja ainda maior que a do
primeiro turno, já que serão disputadas três partidas da Copa do
Mundo no mesmo dia. EFE