Por Tom Miles
GENEBRA (Reuters) - O gigantesco tratado comercial entre 12 países do Pacífico pode limitar a disponibilidade de medicamentos baratos, disse nesta quinta-feira a diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan, juntando-se ao debate sobre o impacto do acordo.
A diretora-geral disse em uma conferência que há "algumas preocupações muito sérias" em relação à Parceria Transpacífico (TPP, na sigla em inglês), uma das principais frentes da política comercial do governo do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e que ainda aguarda a ratificação dos países envolvidos.
"Se esses acordos de livre-comércio fecharem as portas para os medicamentos baratos, temos que fazer a pergunta: há algum progresso nisso?", questionou Chan durante uma conferência em Genebra.
Os defensores do acordo, incluindo EUA, Canadá, Japão e Austrália, dizem que o tratado vai eliminar barreiras comerciais e estabelecer padrões comuns para mais de 40 por cento da economia mundial.
Mas outras entidades, incluindo líderes da indústria farmacêutica de 15 bilhões de dólares na Índia, tem argumentado que o acordo pode acabar protegendo as patentes de poderosos fabricantes de remédios dentro da área do tratado, em detrimento de fabricantes de remédios genéricos mais baratos fora da área abrangida.
"É possível suportar um custo de 1 mil dólares por uma pílula para o tratamento de hepatite C?", perguntou Chan ao público formado por especialistas da área de saúde e diplomatas. "A menos que baixemos esses preços, muitos milhões de pessoas vão ficar abandonadas."
"Eu me preocupo com a interferência de agentes econômicos poderosos nas novas metas para álcool, tabaco e doenças não-transmissíveis, incluindo muitas relacionadas à dieta. Poder econômico rapidamente se traduz em poder político."