Após embate com servidores do IBGE, Pochmann vai ao Planalto pedir 'mais recursos'

Publicado 28.01.2025, 09:13
Atualizado 28.01.2025, 12:41
© Reuters Após embate com servidores do IBGE, Pochmann vai ao Planalto pedir 'mais recursos'

Em meio à crise interna que se arrasta há meses, o presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Marcio Pochmann, afirmou ser "natural pessoas terem visões diferentes" sobre sua gestão à frente do órgão e disse não ver "problema nenhum" com as críticas. O presidente, que esteve no Palácio do Planalto na segunda-feira, 27, disse ter ido atrás do governo para obter recursos: "Essa é a minha preocupação."

Pochmann esteve no Palácio do Planalto na tarde da segunda-feira, mas negou que tenha sido um encontro com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo ele, a reunião de trabalho foi com o chefe de gabinete pessoal do Presidente da República, Marco Aurélio Santana Ribeiro.

Questionado se ele foi chamado nas últimas semanas pelo chefe do Executivo para tratar sobre as críticas que vem recebendo e uma possível saída do governo, ele respondeu: "A coleta está sendo feita normalmente, as pesquisas estão sendo feitas. É natural que haja divergências, as pessoas têm visões diferentes. A gente, democraticamente, aceita. Não vejo problema nenhum."

O presidente do órgão negou que sua ida ao Palácio do Planalto faça parte de um "assunto ministerial". "Eu vim aqui para ver recursos. Essa é a minha preocupação", afirmou à reportagem.

Segundo ele, as críticas que vem recebendo fazem parte de um "debate em torno do financiamento do IBGE". "O IBGE é subfinanciado, não é?", questionou.

Pochmann afirmou que seu papel é "buscar recursos que permitam que o IBGE continue fazendo as pesquisas". "Eu tentei outras formas também de ampliar o recurso. Por exemplo, mudar a legislação do fundo de participação dos Estados e municípios, que o IBGE estabelece estimativas de população. Temos que arrumar recursos, essa é a nossa preocupação", completou.

Ele disse que teve uma resposta positiva do Palácio do Planalto sobre seu pedido de recursos. Ponderou, porém, que o governo ainda espera a aprovação do Orçamento de 2025 no Congresso Nacional. "A partir da aprovação, acho que a gente tem materialidade", comentou.

Nos últimos meses, o sindicato dos servidores do IBGE tem conduzido diferentes mobilizações de trabalhadores, incluindo paralisações temporárias, contra o que chamam de "autoritarismo" da gestão Pochmann. Os servidores reivindicam diálogo e esclarecimentos da atual direção sobre medidas como a criação da fundação de direito privado IBGE+, alteração no estatuto do instituto, mudança de locais de trabalho de funcionários e extinção do trabalho totalmente remoto. Já em janeiro, o IBGE enfrenta um momento de entrega de cargos de direção.

A avaliação de parte do governo é a de que está insustentável a permanência de Pochmann à frente do órgão, apurou o Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. Porém, o presidente da instituição foi uma indicação chancelada pelo PT e por Lula, o que torna sua demissão mais difícil. Desde sua indicação ao cargo, o economista foi amplamente criticado por economistas e políticos - Pochmann é visto como integrante da ala radical do PT -, mas foi defendido pelo chefe do Executivo.

"Não é aceitável as pessoas tentarem criar uma imagem negativa de uma pessoa da qualificação do Márcio Pochmann. É um dos grandes intelectuais desse país, um rapaz extremamente preparado", disse Lula em agosto de 2023. "Escolhi o Pochmann porque confio na capacidade intelectual dele", declarou, na ocasião.

Pochmann é um economista heterodoxo e integrante do PT, além de ter proximidade com Lula. Já foi candidato a deputado federal e a prefeito de Campinas - ele é professor da Unicamp, onde fez seu doutorado. Também presidiu o Ipea entre o fim do segundo governo Lula e o início da gestão de Dilma Rousseff. Polêmico, o economista já fez críticas ao Pix e defendeu alíquota de até 60% para o imposto de renda.

Sua indicação ao cargo foi feita em julho de 2023 e, na época, foi mal recebida pelo Ministério do Planejamento. Internamente, a avaliação é de que a escolha foi política, à revelia da ministra, Simone Tebet, e que destoa bastante do perfil dos técnicos da pasta, que seguem uma linha mais ortodoxa.

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