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Após forte alta nos juros, BCs da América Latina não mostram sinais de reversão

Publicado 07.03.2023, 15:12
Atualizado 07.03.2023, 15:15
© Reuters. Sede do Banco Central do Brasil, em Brasília
14/02/2023
REUTERS/Adriano Machado

Por Isabel Woodford

CIDADE DO MÉXICO(Reuters) - Os bancos centrais latino-americanos têm frustrado esperanças de que reverteriam fortes aumentos em suas taxas de juros, em meio a uma inflação teimosamente alta, expectativas de maior aperto monetário por parte do Federal Reserve e, em alguns casos, riscos políticos.

Os bancos centrais latino-americanos frequentemente estiveram na vanguarda da recente batalha global para conter a inflação, com os aumentos de juros totalizando mais de 10 pontos percentuais em alguns países.

No Brasil, por exemplo, o Banco Central manteve a taxa Selic em 13,75% no mês passado, mas disse que estava considerando manter os juros no atual pico de seis anos por mais tempo do que o mercado esperava, devido aos riscos fiscais sob o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Até o ano passado, a pesquisa semanal Focus do BC com economistas previa cortes de juro em junho de 2023, mas sondagens mais recentes já adiaram a previsão para o final do ano, com expectativa de que a Selic chegue ao final de dezembro em 12,75%.

A política monetária do BC têm enfrentado críticas cada vez mais veementes de Lula, que disse que ela ameaça desencadear uma crise de crédito e prejudicar o crescimento econômico.

Na vizinha Argentina, o banco central interrompeu um ciclo de alta de juros de dez meses em outubro, deixando sua impressionante taxa de referência de 75% inalterada desde então, com sinais de que a inflação anual de quase 100% do país está diminuindo.

Mas as esperanças de um possível corte de juros na Argentina se dissiparam com um novo aquecimento dos preços, disseram fontes à Reuters recentemente, acrescentando que "não parece apropriado fazer mudanças monetárias" no futuro próximo.

No Chile, o banco central manteve sua taxa básica de juros inalterada em janeiro e destacou nesta semana que não tem pressa em reverter o processo, já que a inflação continua acima da meta.

Uma pesquisa do banco central local com operadores agora estima que não haverá cortes de juros até maio, o que provavelmente tornará o Chile o primeiro a se mover nessa direção.

LONGA ESPERA

Uma questão importante que os bancos enfrentam é reduzir o núcleo da inflação, uma métrica importante para as autoridades, que elimina alguns preços voláteis de alimentos e energia e levou mais tempo do que o esperado para desacelerar na América Latina e em outros lugares também.

"Vimos o pico da inflação de bens na maioria dos países, mas a inflação de serviços está se mostrando muito mais teimosa", disse Kimberly Sperrfechter, analista da Capital Economics, explicando que as taxas também devem permanecer "bastante altas" ao longo de 2024.

"Recebemos alguns comentários 'hawkish' (agressivos contra a inflação) de bancos centrais de toda a região, rejeitando a ideia de cortes nos juros", acrescentou ela.

Entre eles está o vice-presidente do Banco do México, Jonathan Heath, que disse à Reuters que os custos dos empréstimos serão mantidos por um longo período depois que o atual ciclo de alta de juros do banco terminar.

Essa visão vem em meio a expectativas de que o Fed precisará aumentar os juros e mantê-los altos por mais tempo do que o inicialmente projetado, enquanto o Banco Central Europeu também deve continuar subindo suas taxas.

Na Colômbia, a inflação pode ter acelerado novamente em fevereiro, impulsionada por educação, aluguel e transporte.

Isso provavelmente levará o banco central a aumentar novamente sua taxa básica de juros, atualmente em 12,75%, disse Camilo Perez, economista-chefe do Banco de Bogotá.

A agitação política no Peru também pode ter adiado a perspectiva de cortes de juros, com o banco central alertando que os protestos causaram interrupções na cadeia de suprimentos e afetaram os preços ao consumidor.

Embora o banco central do país andino inesperadamente tenha mantido sua principal taxa de juros em 7,75% no mês passado, ele alertou que "a pausa não significa necessariamente o fim do ciclo de alta das taxas".

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