Buenos Aires, 27 jun (EFE).- O governo da Argentina acusou nesta sexta-feira o juiz americano Thomas Griesa de tentar "bloquear" o pagamento da dívida reestruturada do país após uma decisão que qualificou como "insólita e inédita" e que para o país constitui um "abuso de autoridade".
Em um breve comunicado, o Ministério de Economia argentino denunciou que Griesa "impede os credores de cobrarem o que é legitimamente deles".
A reação da Argentina à decisão de hoje de Griesa foi dura. O juiz considerou "ilegal" o pagamento da Argentina aos detentores de bônus reestruturados.
O juiz americano advertiu que o país cometeria "desacato" se cumprisse o pagamento dos bônus reestruturados, apesar de não ter imposto sanções e se limitou a pedir que continuem as negociações entre o governo de Cristina Kirchner e os fundos especulativos que reivindicam o pagamento integral da dívida.
Segundo o governo argentino, os quase US$ 1 bilhão depositados na quinta-feira para o pagamento dos credores que aceitaram as trocas da dívida em 2005 e 2010 confirmam a "vontade do país em negociar de boa fé" e a decisão de Griesa tenta "provocar o default (moratória)".
Com esta "insólita e inédita decisão", continuou o comunicado do Ministério da Economia, o juiz incorre em "um abuso de autoridade e se excedeu em sua jurisdição, porque os bônus da reestruturação não são o objeto de litígio".
O juiz, acrescentou, "decide sobre instrumentos cuja validade nunca foi objeto do julgamento nem observada pela Comissão de Valores Mobiliários americana (SEC)". E além disso, "trata-se de fundos que já não são da Argentina, e pertencem a terceiros".
Para a Argentina, a decisão de Griesa é "inédita porque um juiz tenta impedir que um devedor cumpra suas obrigações e que os credores possam cobrar".
O país "reafirma seu compromisso de honrar suas dívidas com 100% dos credores de maneira justa, equitativa e legal", concluiu o comunicado, que não revelou os próximos passos do governo de Cristina Kirchner para evitar cair em moratória.
O juiz federal americano Thomas Griesa decidiu a favor dos fundos especulativo que não aceitaram as trocas dos bônus e exigem o pagamento integral da dívida, que remonta a antes da moratória de 2001.
Desde então o governo argentino realizou duas trocas dos bônus da dívida, em 2005 e 2010, que abrangeram 93% dos credores. São esses 7% que ficaram de fora, chamados na Argentina de fundos abutres, que brigam para receber o valor original com juros dos títulos.