Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - A atividade econômica brasileira contraiu em julho em comparação a junho, com queda na produção dos setores da indústria e da agropecuária, enquanto teve algum suporte do segmento de serviços.
O Produto Interno Bruto (PIB) encolheu 0,2% na passagem de junho para julho, com ajuste sazonal, apontaram dados do Monitor do PIB da Fundação Getulio Vargas (FGV), divulgado nesta terça-feira.
As perdas em julho foram lideradas pela agropecuária (-1,3%) e pela indústria total --onde eletricidade (-3,6%), transformação (-1,1%) e construção (também -1,1%) sofreram quedas.
"A economia continua travada, com sinais conflitantes", disse Claudio Considera, coordenador do Monitor do PIB, no relatório divulgado pela FGV.
Contudo, apesar da queda mensal, a economia teve crescimento de 0,8% em julho em relação ao mesmo mês de 2018. A expansão do PIB nessa base de comparação foi impulsionada pelo setor de serviços, que cresceu 1,8% e teve todos os seus componentes em alta.
Contra o trimestre móvel (maio-junho-julho) do ano passado, o PIB avançou a uma taxa de 1,3%.
"O PIB continua, desde o trimestre findo em maio de 2017, apresentando taxas trimestrais positivas, com média de 1,2% para
todo o período", afirmou Considera.
"Os dados mostram que, apesar do crescimento, a economia ainda não consegue se libertar da armadilha do baixo crescimento da economia, em torno de 1%."
O passo ainda lento e errático da atividade econômica no começo do terceiro trimestre tem sido evidenciado por outros dados.
Na sexta-feira passada, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) também indicou retração da economia brasileira em julho sobre junho (em série dessazonalizada), no pior resultado para o mês em três anos, depois de dois meses seguidos de alta.
E os indicadores de agosto seguem mostrando cenário incerto. O setor manufatureiro cresceu no mês passado no ritmo mais rápido em cinco meses, enquanto a atividade no setor de serviços perdeu fôlego, conforme índices de gerentes de compras (PMIs) do IHS Markit.
O mercado manteve expectativa de crescimento de 0,87% para o PIB em 2019, mostrou a mais recente pesquisa Focus do Banco Central, divulgada na véspera.
COMPONENTES DA DEMANDA
Em dados adicionais, o Monitor do PIB da FGV mostrou crescimento de 2,2% no consumo das famílias no trimestre terminado em julho em relação ao mesmo período de 2018.
A formação bruta de capital fixo --uma medida do investimento-- teve alta de 3,7% no trimestre móvel findo em julho em comparação ao mesmo período do ano passado.
Na mesma base de comparação, a exportação teve queda de 0,5%, e a importação cresceu 3,9%.
O Monitor do PIB calculado pela FGV estima mensalmente o PIB brasileiro em volume e em valor e tem como base a mesma metodologia das Contas Nacionais do IBGE.
(Edição de José de Castro)