Por Howard Schneider
WASHINGTON (Reuters) - O Federal Reserve deve desacelerar novamente o ritmo de suas altas de juros na reunião de política monetária de 31 de janeiro e 1 fevereiro, ao mesmo tempo em que sinaliza que sua batalha contra a inflação está longe de terminar.
Dados econômicos desde a última reunião do banco central norte-americano em dezembro mostraram que a inflação continua diminuindo, com preços ao consumidor e ao produtor, lucros e salários crescendo mais lentamente, e os principais impulsionadores da inflação, como o aluguel, no caminho de queda.
As autoridades reagiram, com cada vez mais delas dizendo que estão prontas para elevar os juros em apenas 0,25 ponto percentual na próxima reunião, uma abordagem de volta à normalidade após um ano em que a taxa de juros foi elevada em 4,25 pontos, com aumentos consecutivos de 0,75 ponto percentual.
Foi o aperto mais rápido da política monetária desde a década de 1980. O Fed reduziu o ritmo em dezembro para um aumento de 0,5 ponto como forma de reconhecer que a principal força de seu aperto de crédito ainda não foi sentida nos mercados de trabalho e entre os consumidores, e para determinar com mais cautela o caminho para um eventual ponto de parada.
A vice-chair do Fed, Lael Brainard, disse na quinta-feira que a "lógica" ainda se aplica enquanto o banco central "sonda" o quanto mais aumentar os juros em um ambiente em que a inflação parece desacelerar e a economia pode estar enfraquecendo.
Após os rápidos aumentos de juros do ano passado, "agora estamos em um ambiente em que equilibramos os riscos de ambos os lados", disse Brainard na quinta-feira durante um evento na Booth School of Business da Universidade de Chicago, mesmo evitando expressar uma preferência explícita para a próxima reunião.
Mas Brainard também reiterou a visão de que o próximo comunicado do Comitê Federal de Mercado Aberto e o chair do Fed, Jerome Powell, em sua coletiva de imprensa em 1º de fevereiro, devem martelar: a desaceleração da inflação não é inflação baixa, e um aumento menor da taxa não significa que o banco central está pronto para fazer uma pausa.
O índice PCE, a medida de inflação preferida do Fed, aumentou a uma taxa anual de 5,5% em novembro, abaixo da máxima de junho de 7%, mas ainda muito acima da meta de 2% do banco central. Os preços ao consumidor subiram a um ritmo ainda mais rápido de 6,5% em dezembro.
"A inflação está alta e levará tempo e determinação para reduzi-la a 2%. Estamos determinados a manter o curso", disse Brainard.
A mensagem de uma batalha incessante contra a inflação tornou-se um mantra entre as 19 autoridades do Fed, mas elas podem ser desafiadas a sustentá-la se as evidências de que a economia está desacelerando continuarem aumentando.
Ao longo do ano passado, as rápidas séries de aumentos de juros do Fed foram anunciadas em um comunicado que também prometia "altas contínuas" até que os juros fossem "suficientemente restritivas para retornar a inflação a 2%".
Essa linguagem pode estar pronta para mudanças, possivelmente assim que a próxima reunião terminar. Se o Fed seguir com o aumento esperado de 0,25 p.p. em 1º de fevereiro, a taxa de juros será fixada em uma faixa entre 4,50% e 4,75%, próximo ao nível pouco acima de 5% que as autoridades do Fed estimaram na reunião de dezembro como o provável ponto de parada.
As autoridades não divulgarão novas projeções na próxima reunião, portanto, qualquer mudança de ênfase precisará vir por meio do comunicado de política monetária, que será divulgado às 16h (horário de Brasília) em 1º de fevereiro. Powell começará a falar meia hora depois.
(Reportagem de Howard Schneider)