Por Jonathan Spicer e Howard Schneider
RIVERWOODS/CHATTANOOGA, Estados Unidos (Reuters) - Um outro grupo de autoridades do Federal Reserve disse nesta quarta-feira que teria cautela quanto a qualquer alta adicional nas taxas de juros, para que o banco central possa avaliar os riscos crescentes para uma perspectiva econômica sólida dos Estados Unidos.
Os presidentes de três dos 12 bancos regionais do Fed--Chicago, St. Louis e Atlanta -- indicaram a necessidade de maior esclarecimento sobre o estado da economia antes de estender pelo quarto ano a política de aumento de taxas do banco central.
Dois dos três presidentes, Charles Evans de Chicago e James Bullard de St. Louis, têm direito a voto este ano no Comitê Federal de Mercado Aberto, que determina as políticas do banco.
Bullard tem há muito criticado a alta de juros do Fed, iniciado em dezembro de 2015, mas a cautela de Evans é nova, apesar de ele ter afirmado que as taxas provavelmente ainda precisarão ser elevadas.
Os comentários das três autoridades acontecem menos de uma semana depois que o presidente do Fed, Jerome Powell, amenizou as preocupações do mercado de que os responsáveis pelas políticas do banco estariam ignorando os sinais de uma desaceleração econômica. Powell disse estar ciente dos riscos e que será paciente e flexível nas decisões este ano.
O novo tom de cautela se consolida depois que o mercado acionário norte-americano caiu acentuadamente no quarto trimestre de 2018, registrando o pior desempenho em um mês de dezembro desde a Grande Depressão. Outros sinais do agravamento das condições financeiras também foram sentidos, incluindo uma forte redução na emissão de títulos corporativos.
Evans tem estado entre os defensores mais vocais do aperto gradual da política monetária dos EUA. Durante discurso em Riverwoods, Illinois, seus primeiros comentários públicos desde novembro, ele mencionou uma série de fatores “difíceis de compreender” destacados pela recente queda do mercado acionário, mas indicou uma previsão razoavelmente boa para o crescimento e o emprego em 2019 e além.
Seus comentários preparados não forneceram nenhum horizonte de tempo para aumentos adicionais nos juros, mas deram a entender que Evans pode concordar em esperar até o meio do ano para ver como fatores como o crescimento global e as políticas comerciais e fiscais dos EUA evoluem.
Enquanto isso, Bullard disse ao Wall Street Journal que embora o Fed tenha “um bom nível de juros hoje”, não há pressa em elevá-lo ainda mais.
O Fed elevou os juros em dezembro, para uma faixa de 2,25 a 2,50 por cento, terminando um ano inteiro de aumentos trimestrais na sua taxa de juros de referência.
Minutas dessa reunião devem ser divulgadas ainda nesta quarta-feira e devem lançar luz sobre como os responsáveis pelas políticas avaliaram a economia, uma vez que concordaram em elevar os juros e, naquele momento, previram mais dois aumentos para 2019.
No geral, esse marcou o nono aumento de 0,25 ponto percentual desde dezembro de 2015, quando o Fed começou a elevar as taxas saindo de quase zero, patamar em que estavam desde a crise financeira de 2008.