BRASÍLIA (Reuters) - A balança comercial brasileira registrou superávit de 1,206 bilhão de dólares em outubro, dado mais fraco para o período desde 2014 (-1,188 bilhão de dólares), impactado por queda acentuada nas exportações.
O resultado, divulgado nesta sexta-feira pelo Ministério da Economia, veio em linha com expectativa de um saldo positivo de 1,25 bilhão de dólares, conforme pesquisa Reuters com analistas.
Em outubro, as exportações caíram 20,4% sobre igual mês do ano passado, pela média diária, a 18,231 bilhões de dólares.
Houve retração generalizada em todos os setores, com queda de 26,5% em manufaturados, 20,6% em semimanufaturados e 15,3% em básicos.
Em apresentação, o Ministério da Economia apontou que, numa análise produto a produto, as exportações em outubro foram afetadas principalmente pelas queda nas vendas de petróleo em bruto (-1,6 bilhão de dólares), em meio à diminuição das cotações internacionais e do baixo crescimento da produção doméstica.
Outros destaques negativos ficaram com o aço manufaturado (-499 milhões de dólares), em meio à menor demanda dos Estados Unidos e cotações também mais baixas, e diminuição das exportações de soja em grão (-294 milhões de dólares), por menor apetite chinês pela commodity.
Já na ponta das importações, houve ligeiro aumento de 1,1% em outubro sobre um ano antes, a 17,025 bilhões de dólares.
De um lado, houve acréscimo em bens intermediários (9,3%) e bens de capital (7,5%). Em contrapartida, caíram as compras de combustíveis e lubrificantes (-29,2%) e bens de consumo (-8,9%).
No acumulado dos dez primeiros meses do ano, a balança comercial ficou positiva em 34,823 bilhões de dólares, recuo de 27,4% sobre igual etapa de 2018.
De acordo com Herlon Brandão, subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior, o avanço nas negociações de fases do acordo da disputa comercial travada entre Estados Unidos e China há mais de um ano é benéfico para o Brasil.
"Isso ajuda a economia como um todo. Isso é positivo. Aumentando a demanda agregada chinesa, se ela aumentar a exportação pros EUA, ela vai demandar mais produtos brasileiros. A mesma coisa do lado dos Estados Unidos. Mais comércio é mais demanda, é mais atividade econômica, que faz com que exportações brasileiras para esse mercado se beneficiem", afirmou.
Questionado sobre o impacto da fraca atividade econômica argentina nas perspectivas comerciais domésticas, Brandão informou que "tende a pesar menos". "O comércio (Brasil-Argentina) já está em um nível baixo. A importância relativa vem diminuindo, já diminuiu desde o ano passado", salientando as estimativas de que o recuo do PIB (Produto Interno Bruto) argentino venha a ser reduzido nos próximos anos.
A Argentina absorveu 4,4% das exportações brasileiras nos primeiros dez meses deste ano, uma queda em relação ao mesmo período do ano passado, quando essa participação foi de 6,7%.
No mês passado, o Ministério da Economia cortou sua previsão para o superávit comercial do Brasil neste ano a 41,8 bilhões de dólares, sobre 56,7 bilhões de dólares antes, em meio ao cenário de desaceleração do crescimento econômico no mundo e queda nas exportações para a Argentina diante da crise econômica no país vizinho.
(Por Marcela Ayres e Gabriel Ponte)