Por Ana Beatriz Bartolo
Investing.com - Em palestra no XXIV Congresso Brasileiro de Economia, o economista Luiz Barsi Filho reforçou sua crença no investimento em ações como uma forma de garantir a própria aposentadoria. Porém, para ele, além da educação financeira necessária para que as pessoas entrem no mercado de capitais, também é preciso que autoridades públicas se movimentem para estimular esse tipo de previdência.
“Em 1972, eu sugeri que fosse revisado o projeto de aposentadoria, para que a previdência não fosse sustentada pelo governo, mas sim pelas [ações das] empresas, mas assim como hoje, as autoridades não quiseram escutar”, disse Barsi. O economista é referência na construção de patrimônio por meio de ações no país e ele conta que é aposentado graças aos seus investimentos em ações e não pelo governo.
“É perfeitamente factível que as pessoas possam gerar uma renda mensal lastreada em grandes projetos fundamentados por meio de ações”, disse Barsi, mas afirma que não há um incentivo para a adoção dessa cultura por parte das autoridades.
Barsi vai além e critica o ministro da Economia Paulo Guedes, que não estaria aberto a propostas do setor privado. Sem entrar em detalhes, Barsi comentou sobre discussões a respeito de como aumentar a arrecadação do governo, sem elevar a tributação, mas disse que essas conversas não foram escutadas pelo governo.
Investidores x especuladores
O economista, que hoje atua como presidente do Corecon-SP, também não está muito confiante que o aumento de pessoas físicas na B3 (SA:B3SA3) signifique uma mudança de visão da sociedade em relação ao mercado acionário.
“Grande parte das pessoas que foram para bolsa estava fugindo da renda fixa, porque as taxas de remuneração baixaram muito. O que eu interpreto é que não entraram muitos investidores, entraram muitos especuladores, o que é diferente”.
Para ele, uma vez que os juros voltem a patamares similares aos anteriores à pandemia, esses novos ingressantes no mercado de ações tendem a voltar para a renda fixa.