Por David Milliken e William Schomberg
LONDRES (Reuters) - O Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) disse que a incerteza relacionada ao Brexit está causando um ressurgimento da capacidade ociosa na economia britânica e prejudicando a produtividade, e o fracasso no alcance de um acordo de transição até 31 de outubro pode levar a uma fraqueza adicional.
Todos os nove membros do comitê de política monetária do BoE votaram por manter o juro em 0,75% na decisão de política monetária desta quinta-feira e reiteraram alerta de que deixar a União Europeia (UE) sem um acordo desaceleraria o crescimento e aumentaria os preços.
No entanto, os formuladores de política monetária notaram pela primeira vez com mais detalhes os danos que um atraso na saída da UE também causaria, depois que o Parlamento votou para exigir que o primeiro-ministro, Boris Johnson, adie o Brexit caso não consiga chegar a um acordo com Bruxelas em breve.
"Eventos políticos podem levar a um período adicional de arraigada incerteza", afirmou o BoE.
"Quanto mais tempo essas incertezas persistirem, particularmente em um ambiente de crescimento global mais fraco, maior a probabilidade de o crescimento da demanda permanecer abaixo do potencial, aumentando o excesso de oferta."
As pressões inflacionárias também seriam mais suaves neste cenário, acrescentou o banco central.
Se o Reino Unido conseguir uma saída tranquila da UE, o BoE disse que voltaria ao seu objetivo de longo prazo de aumentar as taxas de juros britânicas de maneira limitada e gradual, desde que haja alguma recuperação no crescimento global.
O posicionamento do BoE contrasta com o do Banco Central Europeu (BCE) --que na semana passada anunciou um programa de compra de títulos sem prazo para término-- e o do Federal Reserve, que na quarta-feira cortou a principal taxa de juros dos Estados Unidos em 0,25 ponto percentual.
Se o Reino Unido deixar a UE sem acordo, as taxas talvez precisem subir ou descer, dependendo do choque inflacionário de qualquer depreciação da libra esterlina, disse o BoE, embora o presidente do banco central, Mark Carney, tenha dito que, pessoalmente, acredita que a necessidade de um corte nas taxas é mais provável.
A equipe do BoE cortou sua previsão de crescimento econômico para terceiro trimestre de 2019 para 0,2% (+0,3% antes), e o BoE projetou que a inflação ficará abaixo da meta de 2% no restante do ano, em grande parte devido a um teto nos preços da energia.