Por Leika Kihara e Stanley White
TÓQUIO (Reuters) - O banco central japonês decidiu não oferecer mais estímulo monetário nesta quinta-feira apesar da inflação e do crescimento mundial fracos, levando o iene à máxima em dois anos, o que ofusca um cenário já obscuro para a economia.
Embora a decisão não tenha sido uma grande surpresa, ela incentivou os altistas do iene que já estavam vendendo dólares depois que o Federal Reserve, banco central norte-americano, decidiu não elevar a taxa de juros na quarta-feira e aumentou a cautela sobre a perspectiva de crescimento dos Estados Unidos.
O presidente do banco central japonês, Haruhiko Kuroda, juntou-se ao coro de autoridades japonesas que têm como objetivo dissuadir os investidores de elevar demais o iene, enfatizando sua prontidão para afrouxar a política monetária novamente se a alta excessiva do iene ameaçar as perspectivas para alcançar a meta do banco de 2 por cento de inflação.
O Banco do Japão manteve seu programa de compras de ativos na reunião de dois dias que acabou nesta quinta-feira, prometendo elevar a base monetária a um ritmo anual de 80 trilhões de ienes.
Também manteve em -0,1 por cento a taxa de juros que aplica a algumas reservas excedentes que as instituições financeiras deixam no banco central.
O iene saltou após a decisão do BC do Japão, atingindo uma máxima de 22 meses de 104,06 ienes por dólar e máximas de vários anos contra o euro e a libra.
Se a Grã-Bretanha decidir em referendo na próxima semana sair da União Europeia isso provavelmente vai elevar o iene, já que os investidores compram a moeda como um porto seguro. Isso aumenta a preocupação das autoridades japonesas, que temem um golpe às exportações, que já estão sofrendo com a demanda mundial mais fraca.
O iene forte também pesa sobre a inflação ao derrubar os custos da importação. O núcleo da inflação caiu pelo segundo mês seguido em abril uma vez que o consumo fraco desencorajou as empresas elevar os preços.