Investing.com - O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, por unanimidade, a manutenção da taxa Selic em 6,5% ao ano.
Foi a segunda reunião liderada pelo presidente do Banco Central Roberto Campos Neto, e a nona consecutiva de manutenção da Selic. O comunicado não trouxe grandes modificações em relação à reunião anterior, mantendo o discurso de necessidade de mais tempo para avaliar o comportamento da economia brasileira.
A fraqueza da economia preocupa os diretores. "Indicadores recentes da atividade econômica sugerem que o arrefecimento observado no final de 2018 teve continuidade no início de 2019.", disseram em comunicado após a reunião.
O cenário externo também traz riscos à economia brasileira com indefinição em relação à taxa de juros nos principais países. Hoje, o Federal Reserve da Nova Zelândia foi o primeiro banco central dos países desenvolvidos a iniciar corte de juros. O crescimento também preocupa o BC: "(...) os riscos associados a uma desaceleração da economia global permanecem".
A autoridade monetária também não alterou o balanço de risco de inflação, prosseguindo simétrico. Isso significa que há uma igualdade de haver uma escalada inflacionária com a atual taxa, assim como redução do índice de preços.
O Copom analisou que a frustração política com a não aprovação da reforma da Previdência e outros ajustes da economia é um fator de risco para aumentos generalizados de preço na economia brasileira. A recente aceleração do IPCA no primeiro trimestre não foi considerada um fator de risco elevado, pois foi causado por eventos pontuais, como a subida do preço dos alimentos e dos combustíveis. O IPCA de março avançou 0,75% em março, acumulando alta de 4,58% no acumulado de 12 meses, acima do centro da meta de inflação de 4,25%, mas dentro da margem de 1,5 ponto percentual de tolerância para cima ou para baixo.
Esta pequena aceleração induziu a revisão para cima da expectativa do mercado coletado no Boletim Focus e do cenário-base do Copom para a inflação em 2019. A previsão de inflação para 2019 dos analistas de mercado está em 4,02%, alinhado com a meta de inflação.
Os eventuais efeitos da frustração política nos preços podem ser intensificadas com uma deterioração das condições externas. O Copom monitora atentamente o desenrolar da guerra comercial entre EUA e China e os próximos passos da política monetária dos principais Bancos Centrais.
Por outro lado, a retomada gradual da economia com indicadores que apontam até queda da atividade econômica do primeiro trimestre segura um avanço inflacionário. Esse cenário impacta na projeção do PIB para 2019, com o último relatório Focus diminuindo a previsão de crescimento de 1,7% para 1,49%.