Por John O'Donnell
FRANKFURT (Reuters) - O Banco Central Europeu (BCE) manteve as taxas de juros em mínimas recordes após ter se reunido nesta quinta-feira, enfrentando pressões renovadas para impedir que o bloco entre em recessão.
Com a recuperação estagnada na maior parte da região formada por 18 países, o presidente do BCE, Mario Draghi, apresentará projeções atualizadas da equipe do banco para crescimento e inflação na entrevista à imprensa a partir das 11h30 (horário de Brasília). Ambos os números devem ser reduzidos ainda mais.
Preocupações crescentes sobre a economia da zona do euro foram ressaltadas pelo influente vice-chair do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, Stanley Fischer. Ele disse que a impressão de dinheiro ajudaria a Europa, como ajudou os EUA.
"Se o BCE se mover nessa direção, isso terá efeitos positivos", disse Fischer, que foi mentor acadêmico de Draghi na universidade, a um jornal na Itália.
Draghi enfrenta obstáculos políticos consideráveis para adotar esta medida, principalmente da relutante Alemanha. Na semana passada, Sabine Lautenschlaeger, indicada da Alemanha para o Conselho Executivo do BCE, disse que agora não é o momento para compra de bônus estatais.
Portanto, embora o BCE possa estender um esquema para comprar dívida com garantia para incluir títulos corporativos, é improvável que anuncie a impressão de dinheiro para comprar títulos do governo.
Economistas, cerca da metade dos quais esperam que o banco central comece a comprar títulos de governos --uma medida que deve sustentar a economia quando os bancos trocarem bônus por dinheiro do BCE-- projetaram a adoção desta medida para os primeiros três meses do ano que vem.
O vice-presidente do BCE, Vitor Constancio, afirmou que o banco será capaz de avaliar de forma melhor no primeiro trimestre se precisa começar a comprar títulos soberanos.
Na reunião desta quinta-feira, o BCE manteve sua principal taxa de refinanciamento, que determina o custo do crédito na economia, em 0,05 por cento.
Ele também deixou sua taxa de depósito em -0,20 por cento, o que significa que os bancos pagam para manter fundos no banco central, e ainda manteve a taxa de empréstimo em 0,30 por cento.
Outros importantes bancos centrais, incluindo o Fed, o japonês e o britânico, já usaram o "quantitative easing" para estimular suas economias. Mas divisões entre países sem dívida, como a Alemanha, e os do sul, incluindo a Grécia tornam a adoção de tal medida mais difícil para o BCE.
A Alemanha, maior economia do bloco e o mais influente, teme que isso encoraje empréstimos negligentes.
"A zona do euro precisa de crescimento e empregos para garantir que sobreviva", disse Lena Komileva, da consultoria G+ Economics, alertando sobre os obstáculos do "quantitative easing".
A inflação na zona do euro, considerada por investidores como gatilho para o BCE comprar títulos governamentais, desacelerou para apenas 0,3 por cento no mês passado.
(Reportagem adicional de Paul Carrel)