FRANKFURT (Reuters) - O Banco Central Europeu provavelmente tirará sua taxa de depósito do território negativo atual até o final de setembro e poderá aumentá-la ainda mais se prever que a inflação vai se estabilizar em 2%, disse a presidente do BCE, Christine Lagarde, nesta segunda-feira.
Ela estava acelerando uma guinada já acentuada na postura de política monetária, que a fez ir de praticamente descartar aumentos de juros neste ano para agora prever vários ajustes em face da inflação recorde na zona do euro.
"Com base na perspectiva atual, provavelmente estaremos em posição de sair das taxas de juros negativas até o final do terceiro trimestre", disse Lagarde em um post em blog publicado no site do BCE.
A taxa de depósito do BCE está atualmente em -0,5%, o que significa que os bancos são cobrados para deixar dinheiro no banco central, e está abaixo de zero desde 2014, já que a instituição lutou por anos contra uma inflação baixa demais.
Mas os preços têm disparado nos últimos meses, uma vez que os custos dos combustíveis saltaram devido a fatores como a invasão russa da Ucrânia e se espalharam para outros produtos.
Lagarde abriu a porta para novos aumentos de juros em direção ao que os economistas chamam de nível neutro --uma taxa que aproxima a produção econômica de seu potencial-- ou mesmo acima dele.
"Se enxergarmos a inflação se estabilizando em 2% no médio prazo, uma progressiva normalização das taxas de juros em direção à taxa neutra será apropriada", acrescentou Lagarde.
(Por Francesco Canepa)