Por Leigh Thomas
PARIS (Reuters) - Os bancos centrais devem não apenas ser independentes de pressões políticas mas também de pressões de curto prazo, como a percepção de inflação dos mercados financeiros, disse o membro do Banco Central Europeu François Villeroy de Galhau nesta terça-feira.
Os bancos centrais globais estão enfrentando cada vez mais pedidos de políticos dos dois lados do Atlântico para conduzir políticas monetárias frouxas que atendam às suas agendas.
Enquanto isso, os rendimentos dos títulos caíram recentemente diante dos dados econômicos fracos, colocando pressão sobre os bancos centrais para adotarem novos estímulos monetários para evitar que as expectativas de inflação entrem em colapso.
"Levamos em conta as indicações do mercado, mas não podemos depender dele; isso inclui não confiar exclusivamente nas expectativas de inflação em medidas baseadas no mercado", disse Villeroy em uma conferência no banco central francês, do qual também é presidente.
"Somos dependentes dos dados e digo isto em particular para o BCE: nas nossas próximas reuniões do Conselho, iremos avaliar dados econômicos reais e vamos agir em conformidade, se e quando necessário", acrescentou Villeroy.
Um indicador importante das expectativas de longo prazo dos mercados financeiros para a inflação na zona do euro recentemente caiu para 1,1%.
Embora tenha subido a 1,3% desde então, ela não só está bem abaixo da meta de inflação do BCE, de quase 2%, mas também abaixo do que estava quando o banco central lançou seu programa de compra de títulos em 2015.
Villeroy disse que lamentava ter que enfatizar a importância da independência do banco central, uma fundação da moderna política monetária cada vez mais atacada pelo presidente Donald Trump nos Estados Unidos e por políticos da Itália na zona do euro.