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Biden visitará Michigan para apoiar grevistas do setor automotivo um dia antes que Trump

Publicado 22.09.2023, 16:00
© Reuters. Presidente dos EUA, Joe Biden 
17/09/2023
REUTERS/Evelyn Hockstein
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WASHINGTON/TOLEDO, Ohio (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, irá a Michigan na terça-feira para manifestar o seu apoio à greve dos trabalhadores do United Auto Workers (UAW, sindicato dos trabalhadores do setor automotivo) em montadoras em Detroit, colocando-o no centro da disputa que colocou seus aliados trabalhistas contra importantes fabricantes.

Biden, um democrata, se vê como um presidente pró-sindicatos e a sua visita ao Estado, um dia antes da data marcada para a visita do ex-presidente Donald Trump, ressaltará o seu apoio ao direito dos trabalhadores sindicalizados de agir e participar na negociação coletiva.

“Terça-feira, irei a Michigan para me juntar à área de piquete e me solidarizar com os homens e mulheres do UAW enquanto eles lutam por uma parte justa do valor que ajudaram a criar”, disse Biden nesta sexta-feira em um post no X, a plataforma de mídia social anteriormente conhecida como Twitter.

“É hora de um acordo vantajoso para todos que mantenha a indústria automobilística americana prosperando com empregos bem remunerados”, acrescentou.

Biden está em busca da reeleição em 2024 e provavelmente enfrentará Trump, que é o favorito à indicação presidencial republicana.

Um porta-voz da campanha de Trump disse que a viagem de Biden a Michigan era "uma foto barata oportunista".

“A única razão pela qual Biden irá para Michigan na terça-feira é porque o presidente Trump anunciou que iria na quarta-feira”, disse a equipe de campanha de Trump em comunicado na noite desta sexta.

O UAW convidou Biden a visitar os trabalhadores na linha de piquete e disse que expandiria a sua greve em Detroit a centros de distribuição de peças ao redor dos Estados Unidos, na General Motors (NYSE:GM) e na controladora da Chrysler, a Stellantis (NYSE:STLA). O sindicato disse que conseguiu progresso real nas negociações com a Ford (NYSE:F) Motor.

“É muito raro que um presidente visite grevistas”, disse Jeremi Suri, historiador e pesquisador presidencial na Universidade do Texas, em Austin. Ele acrescentou que mesmo o presidente democrata pró-trabalhista Jimmy Carter nunca visitou um piquete. “Isso seria uma mudança muito, muito grande para Biden identificar a Presidência com trabalhadores em greve, em vez de ficar no lado da indústria ou permanecer acima da briga.”

Vários sindicatos já endossaram Biden para a reeleição, mas o UAW, por enquanto, reteve seu apoio. Biden disse que as montadores deveriam “ir mais longe para garantir que lucros corporativos recordes significassem contratos recordes para o UAW”, ecoando os sentimentos dos líderes sindicais.

Tanto as chamadas Três de Detroit como o UAW têm muito em jogo nas decisões políticas federais. As montadoras contam com Washington para obter bilhões de dólares em subsídios para a produção de veículos elétricos. Elas estão negociando com o governo Biden sobre as futuras regras de emissões que exigem uma mudança para veículos elétricos que a indústria acredita ser demasiado rápida e dispendiosa.

O sindicato, entretanto, está preocupado com o fato de a transição para os veículos elétricos significar uma perda de postos de trabalho, uma vez que esses carros exigem menos peças na produção.

Trump planeja viajar a Detroit na próxima semana para falar em um comício anunciado para trabalhadores da indústria automotiva, em uma tentativa de recuperar alguns membros da classe operária que foram para o lado de Biden em sua vitória sobre Trump em 2020. Trump chegou a dizer a trabalhadores comuns dos sindicatos que ignorassem seus líderes.

Trump não disse se visitará os piquetes. O presidente do UAW, Shawn Fain, criticou Trump mais cedo nesta semana, dizendo que o sindicato estava “lutando contra a classe dos bilionários e uma economia que enriquece pessoas como Donald Trump às custas dos trabalhadores”.

O último presidente norte-americano a mostrar apoio dessa maneira a trabalhadores em greve provavelmente foi Theodore Roosevelt, disse Suri. Em 1902, Roosevelt convidou trabalhadores das minas de carvão em greve para visitar a Casa Branca, com autoridades governamentais e representantes patronais, preocupado que o país passasse por uma escassez de carvão.

© Reuters. Presidente dos EUA, Joe Biden 
17/09/2023
REUTERS/Evelyn Hockstein

Antes da reunião que quebrou precedentes, Roosevelt, como Biden, se viu com pouco poder de barganha para negociar.

No piquete, os trabalhadores estavam divididos se Biden deveria visitá-los. Alguns disseram que políticos deveriam ficar fora da briga, e outros afirmaram que gostariam do apoio, se a greve continuasse.

(Reportagem de Heather Timmons em Washington, Ben Klayman em Toledo, Ohio, e David Gaffen em Nova York)

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