Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - O Brasil abriu 56.151 vagas formais de emprego em março e, embora seja o terceiro resultado mensal positivo consecutivo e o melhor para mês em 5 anos, indicou que o mercado de trabalho pode estar perdendo ímpeto em meio à aceleração mais tímida da atividade econômica neste início de ano.
Isso porque, em janeiro e fevereiro, foram abertos 77.822 e 61.188 postos, respectivamente, na série sem ajustes. No acumulado do primeiro trimestre deste ano, foram criados 204.064 postos com carteira assinada no país, na série com ajustes, mostrou ainda o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgado nesta sexta-feira pelo Ministério do Trabalho.
O resultado do mês passado foi o melhor para março desde 2013, quando foram abertas 112.450 vagas. No mesmo período do ano passado, houve fechamento de 63.624 vagas.
Segundo o ministério, dos oito setores pesquisados, seis ficaram no azul em março, com destaque para serviços (+57.384 vagas), indústria da transformação (+10.450) e construção civil (+7.728).
Por outro lado, registraram fechamento líquido de vagas os setores da agropecuária (-17.827 postos) e comércio (-5.878).
Na esteira da recente reforma trabalhista, foram abertos 3.199 empregos de trabalho intermitente e 3.193 vagas em regime de tempo parcial. Já os desligamentos mediante acordo entre empregador e empregado, possibilidade também aberta pela reforma, chegaram a 13.522 no mês.
Os efeitos da reforma, contudo, devem cair em incerteza jurídica daqui para frente, com a provável queda da Medida Provisória 808, que regulamentou pontos da reforma trabalhista.
Para não caducar, o texto precisa ser aprovado até a próxima segunda-feira, dia 23. No entanto, a proposta sequer ganhou relator em comissão mista. Depois de obter o aval do colegiado, a MP ainda teria que passar pela Câmara dos Deputados e pelo Senado.
Foi a MP que estabeleceu a previsão de que as novas regras se aplicariam a todos os contratos vigentes, incluindo aqueles firmados antes da reforma entrar em vigor. O texto também regulou uma série de outros itens, como a transição do contrato de trabalho padrão para o intermitente.
Questionado a respeito do tema, o ministério do Trabalho não comentou, limitando-se a dizer que o assunto cabe à Casa Civil.
Apesar dos números positivos do Caged no ano, o mercado de trabalho brasileiro vem mostrando sinais ainda acanhados de recuperação, com taxa de desemprego elevada e mais de 13 milhões de pessoas sem trabalho.
No trimestre encerrado em fevereiro passado, dado mais recente, a Pnad Contínua mostrou que o desemprego subiu a 12,6 por cento, num sinal da irregular retomada da economia.