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Brasil recupera perdas da pandemia em 2021, mas 2022 impõe desafios

Publicado 04.03.2022, 11:09
Atualizado 04.03.2022, 11:10
© Reuters. Consumidores caminham por rua comercial do Rio de Janeiro
16/09/2020
REUTERS/Ricardo Moraes

Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier

SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - A economia do Brasil recuperou-se em 2021 do baque provocado pela pandemia de Covid-19 com o maior crescimento anual em 11 anos, mas a combinação entre inflação e juros elevados deve pesar sobre a atividade neste ano, envolto agora em incertezas provocadas pela invasão da Ucrânia pela Rússia.

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro registrou em 2021 crescimento de 4,6%, maior taxa desde 2010, quando houve expansão de 7,5%, segundo dados divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A reabertura da economia permitiu a retomada da atividade depois de o PIB ter despencado 3,9% em 2020, sob impacto das medidas de contenção ao coronavírus, maior queda desde o início da série histórica do IBGE em 1996. Isso garantiu uma base baixa de comparação para o resultado do ano passado.

A leitura de 2021, entretanto, veio ligeiramente pior do que a projeção oficial do Ministério da Economia, de crescimento de 5,1%. Além disso, o PIB ainda está apenas 0,5% acima do quarto trimestre de 2019, período pré-pandemia, e 2,8% abaixo do ponto mais alto na série histórica, no primeiro trimestre de 2014, segundo o IBGE.

"Essa distância já foi bem maior, mas essa diferença ainda é relativamente significativa", destacou a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, citando a crise econômica de 2015/2016 e a pandemia em 2020.

Mas de qualquer forma o PIB terminou o ano com desempenho melhor do que o esperado, com alta de 0,5% no quarto trimestre sobre os três meses anteriores, contra expectativa em pesquisa da Reuters de crescimento de 0,1%. Assim, o país deixou a recessão técnica na qual havia entrado após dois trimestres consecutivos de retração da atividade.

O IBGE revisou números do primeiro e segundo trimestres de 2021, e o PIB apresentou crescimento trimestral de 1,4% entre janeiro e março de 2021 (taxa de +1,3% divulgada antes), com quedas de 0,3% no segundo trimestre (-0,4% antes) e de 0,1% no terceiro.

Na comparação com o quarto trimestre de 2020, o PIB teve expansão de 1,6%, ante expectativa de 1,1% nessa base de comparação.

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Freios

Apesar da forte retomada no ano passado, o cenário para 2022 é menos impressionante, com perspectiva de a atividade perder fôlego já nos primeiros meses diante de um cenário de juros altos e inflação persistente, o que tende a frear tanto consumo quanto investimentos.

A taxa básica de juros Selic saiu da mínima de 2% e está em 10,75%, em um ciclo de aperto monetária promovido pelo Banco Central para tentar domar a alta dos preços que deve ter continuidade neste mês, quanto o BC volta a se reunir.

Somam-se ao quadro a variante Ômicron do coronavírus, bem como incertezas em ano de eleição presidencial, que deixa a cena fiscal sob os holofotes. E desde a semana passada entraram ainda na lista de interrogações a invasão da Ucrânia pela Rússia e como isso irá afetar a inflação e o crescimento mundial.

No entanto, em meio a tantas dúvidas, o rali global das commodities e a normalização dos choques de oferta, com retomada das cadeias produtivas, podem favorecer a economia e levar economistas a melhorar suas projeções para 2022.

"O PIB de hoje dá sinais de que existe uma base para crescimento (em 2022), podendo ser algo em torno de 1%", avaliou Gustavo Cruz, economista e estrategista da RB Investimentos, cuja estimativa de expansão para este ano é de 0,5%.

Indústria e serviços

O grande destaque em 2021 foi a recuperação dos Serviços, o setor com maior peso na economia e o mais afetado pela pandemia devido à sua dependência do contato social. O setor registrou aumento de 4,7% no ano, depois de contração de 4,3% em 2020, com todas as atividades componentes em alta, sobretudo transporte, armazenagem e correio.

Ainda do lado da produção, a Indústria apresentou crescimento de 4,5% em 2021, recuperando as perdas de 3,4% de 2020, impulsionada pelo ganho de 9,7% da construção.

Já a Agropecuária recuou 0,2% no ano passado, após expansão de 3,8% em 2020, devido à estiagem prolongada e a geadas no país, com culturas como cana-de-açúcar, milho e café apresentando perdas.

Nas despesas, a Formação Bruta de Capital Fixo, uma medida de investimento, disparou 17,2% em 2021, favorecida pela construção e pela produção interna de bens de capital.

As despesas também aumentaram, com as das famílias crescendo 3,6% e as do governo aumentando 2,0%, de recuos de 5,4% e 4,5%, respectivamente, em 2020.

"O consumo das famílias não recuperou as perdas por conta do mercado de trabalho e da renda menor, da inflação dos preços --em especial combustíveis e energia. E os serviços presenciais ainda não voltaram a normalidade", explicou Palis, do IBGE.

© Reuters. Consumidores caminham por rua comercial do Rio de Janeiro
16/09/2020
REUTERS/Ricardo Moraes

Em relação ao setor externo, as Exportações de Bens e Serviços tiveram alta de 5,8%, enquanto as Importações dispararam 12,4%, com a balança comercial, portanto, contribuindo de forma negativa para o PIB.

Já o quarto trimestre teve a Agropecuária como destaque, com avanço de 5,8% sobre os três meses anteriores, antes do que pode ser um 2022 forte para o setor com a alta dos preços das commodities.

Nos últimos três meses de 2021, Serviços aumentaram 0,5% e a Indústria encolheu 1,2%. As Despesas das Famílias aumentaram 0,7% nessa base de comparação e as do governo cresceram 0,8%, enquanto a Formação Bruta de Capital Fixo subiu 0,4%.

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