BRASÍLIA (Reuters) - O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) em 2021 mostra que o Brasil registrou uma retomada em "V" após a pandemia de Covid-19, disse a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia nesta sexta-feira, ao avaliar que a atividade em 2022 deve crescer mais do que o projetado atualmente pelo mercado.
Em nota informativa, a pasta afirmou que a variação do PIB brasileiro acumulado no período de 2020 e 2021 foi maior que o de todos os países do G7, exceto os Estados Unidos.
Nesta sexta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o PIB do Brasil cresceu 4,6% em 2021, maior taxa desde 2010, recuperando as perdas da pandemia de Covid-19.
O documento destacou que a economia do país se recuperou mesmo em meio a uma série de choques adversos globais e locais.
"Além da pandemia e dos gargalos no fornecimento de algumas cadeias globais de produção que afetaram negativamente o crescimento econômico mundial, o Brasil ainda se defrontou com dois outros choques negativos de oferta: a maior crise hídrica em quase 100 anos e o revés climático que afetou diferentes segmentos do setor agropecuário", disse.
A secretaria afirmou que o desempenho do PIB no último trimestre de 2021 teve destaque positivo de agropecuária (5,8%) e serviços (0,5%) ante trimestre anterior. No caso da indústria, o ministério disse que houve queda de 1,2% devido a problemas decorrentes da escassez de insumos e recuo no setor extrativo mineral.
De acordo com a secretaria, a normalização dos choques de oferta, o restabelecimento das cadeias produtivas, a melhoria do mercado de trabalho, a redução do risco hidrológico e a ampliação dos investimentos privados fundamentam uma estimativa de crescimento em 2022 superior ao projetado hoje pelo mercado.
O último boletim Focus divulgado pelo Banco Central mostra que os analistas esperam alta de 0,3% no PIB brasileiro neste ano.
A projeção oficial mais recente do governo foi apresentada em novembro do ano passado e apontava expansão de 2,1% neste ano.
A nota da secretaria disse que o carregamento estatístico que será levado de 2021 para o PIB de 2022 é de 0,3%. No entanto, a pasta não antecipou a revisão da projeção para a atividade neste ano. Nova estimativa será apresentada em duas semanas.
O ministério afirmou ainda que é necessário monitorar a evolução do conflito entre Rússia e Ucrânia e suas consequências sobre a economia mundial.
"Com o cenário internacional adverso, cabe ao Brasil, além dos posicionamentos diplomáticos e humanitários, mostrar que é um porto seguro para os investimentos privados", afirmou.
(Por Bernardo Caram)