O PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil crescerá mais de 3% em 2024. Avançou acima desse patamar também em 2023. Esse é o melhor início de governo na atividade econômica desde o 2º mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O “welfare state” de quase R$ 400 bilhões por ano com programas sociais impulsiona a economia, mas impõe desafios para a política fiscal.
A última vez que o PIB do Brasil cresceu mais nos 2 primeiros anos de mandato de cada presidente foi no biênio 2007 e 2008, também sob Lula. A atividade econômica subiu 6,1% e 5,1%, respectivamente.
O crescimento da atividade econômica é resultado do mercado de trabalho aquecido, com quase pleno emprego. A taxa de desocupação atingiu 6,2% no trimestre encerrado em outubro, o menor patamar da série histórica, iniciada em 2012.
A renda do brasileiro também está em alta, segundo os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O rendimento real habitual de todos os trabalhos alcançou R$ 3.255 no trimestre encerrado em outubro. Em 1 ano, cresceu 3,9%. A massa de rendimento real habitual totalizou R$ 332,6 bilhões (mais R$ 23,6 bilhões) em 1 ano.
O mercado de trabalho demonstra resiliência mesmo com as taxas elevadas da taxa básica, a Selic. O juro base está acima de 2 dígitos desde fevereiro de 2022. A alta do crédito também tem contribuído para o desemprego da economia em 2024.
CONSUMO DAS FAMÍLIAS
O crescimento do consumo das famílias tem acelerado e é o principal motor do PIB. No 3º trimestre de 2024, subiu 4,5% no acumulado de 1 ano. As taxas eram de 3,9% no 2º trimestre e de 3,2% no 4º trimestre de 2023.
O desempenho do investimento em FBCF (formação bruta de capital fixo) –que mede investimentos em infraestrutura, máquinas e equipamentos– também demostrou desempenho positivo. Subiu 3,7% no acumulado de 4 trimestres até o 3º trimestre deste ano.
CONTAS PÚBLICAS E ALERTAS
Entre agentes financeiros, há preocupações de que o crescimento esteja acima do potencial econômico, o que impacta nas expectativas de inflação e dos juros futuros. O BC (Banco Central) sinalizou que vai subir a taxa Selic para 14,25% até março. Instituições financeiras, como o Itaú, estimam o juro base em 15% ao ano em maio. Se confirmado o cenário, será o maior patamar desde julho de 2006.
Além de impactar na atividade econômica, os juros elevados elevam o estoque da dívida bruta, que também piora com as contas do governo no negativo.
O pacote fiscal proposto pelo governo Lula busca diminuir a trajetória de alta das despesas públicas, principalmente de gastos do “welfare state”. As medidas mudam regras do BPC (Benefício de Prestação Continuada), abono salarial e correção do salário mínimo.
Uma redução do impulso fiscal aliada à política monetária mais contracionista tende a pesar sobre a atividade econômica em 2025. Agentes financeiros esperam uma desaceleração do PIB do Brasil no próximo ano.