Rio de Janeiro, 17 mai (EFE).- O Brasil aumentará suas importações de peças de automóveis da Argentina e as substituirá por parte das que atualmente compra da Alemanha, dentro do acordo bilateral no setor automotivo que mantém com o país vizinho, informaram neste sábado fontes oficiais.
A substituição das importações, que suporá um aumento dos custos de produção de veículos no Brasil, é uma "antiga demanda argentina", segundo afirmou o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Mauro Borges, em entrevista ao jornal "Globo".
Em contrapartida, o Banco Central argentino se comprometerá a fornecer divisas, cujo acesso é restringido no país, aos importadores de automóveis para facilitar as compras do Brasil, segundo Borges.
Do mesmo modo, as autoridades argentinas se comprometerão a eliminar os impedimentos administrativos que, nos últimos meses, causaram retenções de automóveis na fronteira, segundo o ministro.
Na semana passada, Argentina e Brasil chegaram a um acordo para prorrogar por um ano seu atual acordo bilateral no setor automotivo, que expira em 30 de junho, embora as partes continuem negociando um convênio definitivo.
Um dos detalhes que ainda está sendo negociado, segundo Borges, é determinar a cota de importação de veículos que cada país fixa em função do que exporta, em uma fórmula conhecida como "flex".
O Brasil quer manter a taxa de exportação média dos últimos três anos, que é propícia, enquanto a Argentina pretende reduzir seu déficit comercial com o país vizinho, segundo Borges.
O acordo vigente até agora fixa uma taxa de 1,95, o que representa que por cada milhão de dólares em veículos argentinos que chegam ao Brasil, os fabricantes brasileiros têm direito a exportar automóveis por um valor de US$ 1,95 milhão.
Segundo Borges, a proposta argentina, que o Brasil não aceita, é conseguir uma taxa de 1,3, o que implicaria em uma redução das exportações brasileiras.
A Argentina tem um especial interesse na renovação do acordo automotivo entre ambos os países, que considera de vital importância para reativar o comércio com o Brasil, que em abril passado caiu 24% frente ao mesmo mês de 2013, segundo dados oficiais.
Os fabricantes e exportadores brasileiros também pressionaram o governo já que, no primeiro trimestre, perderam 32% das exportações previstas à Argentina, segundo dados da patronal Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).