Por Isabel Versiani
BRASÍLIA (Reuters) - O Brasil registrou déficit comercial de 176 milhões de dólares em janeiro, informou o Ministério da Economia nesta terça-feira.
O dado veio em linha com expectativa do mercado, que apontava saldo negativo de 167 milhões de dólares na balança comercial do primeiro mês do ano, segundo pesquisa Reuters.
Em janeiro de 2021, o país teve déficit comercial de 220 milhões de dólares.
No mês passado, as exportações ficaram em 19,673 bilhões de dólares, valor recorde para o mês e alta de 25,3% sobre janeiro de 2021 na comparação pela média diária.
O principal destaque foi a alta expressiva dos embarques de soja (+5.007,4%), cuja safra teve colheita mais tardia no ano passado. Como resultado, as exportações agropecuárias totais aumentaram 97,5% no mês.
Já as exportações da indústria extrativa recuaram 18,6%, abaladas por uma redução das vendas de minério de ferro, que sofreram o impacto das enchentes no Estado de Minas Gerais. Essa queda foi o principal fator por trás do recuo de 3,8% das vendas do país para a China no mês.
As importações brasileiras somaram 19,849 bilhões de dólares em janeiro, aumento de 24,6% na comparação anual pela média diária e segundo melhor resultado da história para o mês depois de 2014 (20,2 bilhões de dólares).
Nesse caso, o principal destaque foi o salto de 326% das importações da indústria extrativa, alavancadas pela maior demanda do país por commodities energéticas, como petróleo bruto (alta de 420% nas importações), gás natural (+501%) e carvão (+335%).
No ano passado, o Brasil registrou superávit comercial de 61,223 bilhões de dólares, maior valor da série histórica, e, para 2022, o governo estima novo recorde, de 79,4 bilhões de dólares.
RÚSSIA
O subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior, Herlon Brandão, disse que a expectativa é que uma eventual turbulência política na Rússia, que enfrenta tensões com grandes potências do Ocidente por causa da Ucrânia, teria pouco impacto sobras as exportações brasileiras para a região, muito concentradas em alimentos.
"É um bem que tem pouca elasticidade, responde pouco a quedas de renda, por exemplo. Então um eventual distúrbio político que pudesse levar a algum problema econômico que afetasse a renda dos consumidores, isso poderia levar a menos consumo, mas a característica da pauta brasileira acaba sendo menos afetada por esse tipo de redução", afirmou. "Isso acaba nos favorecendo em relação a outros países."