BRASÍLIA (Reuters) - O Brasil teve superávit comercial de 4,062 bilhões de dólares em novembro, resultado abaixo do esperado pelo mercado, mas com o acumulado no ano já batendo a projeção do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) para o desempenho fechado de 2018.
Em pesquisa Reuters, a expectativa era de um saldo positivo em 4,3 bilhões de dólares em novembro.
No acumulado dos 11 meses deste ano, o superávit das trocas comerciais chegou a 51,698 bilhões de dólares, queda de 16,6 por cento sobre igual período de 2017, mas já acima da marca de 50 bilhões de dólares anteriormente projetada pelo MDIC para todo ano de 2018, informou a pasta nesta segunda-feira.
Em 2017, a balança teve um saldo positivo recorde de 67 bilhões de dólares. A desaceleração neste ano veio na esteira de maior fôlego das importações, que têm ganhado tração diante de maior ímpeto da atividade econômica.
De janeiro a novembro, as importações tiveram um crescimento de 21,3 por cento, pela média diária, a 168,304 bilhões de dólares. Já as exportações avançaram 9,4 por cento, a 220,002 bilhões de dólares.
"Importante destacar ... que os resultados até novembro de 2018 mostram de maneira inequívoca que, apesar de um superávit expressivo, mas menor que o de 2017, o desempenho do comércio exterior brasileiro em 2018 supera em qualidade e em dimensão os resultados do ano passado", afirmou o secretário de Comércio Exterior do MDIC, Abrão Neto.
"Exemplo disso é que os valores das exportações e importações, até novembro, já ultrapassaram o valor total das importações e exportações do ano de 2017", acrescentou.
Questionado se a guerra comercial tem ajudado o Brasil, Abrão ponderou que, no longo prazo, as tensões sempre serão prejudiciais para o comércio global e, por conseguinte, para o país. No curto prazo, porém, reconheceu que o país tem registrado ganhos.
"É claro que em alguns setores específicos, e a soja é o exemplo mais claro disso, houve alguns transbordamentos para o comércio exterior brasileiro", disse.
Após os presidentes dos Estados Unidos e da China terem concordado no final de semana em suspender novas tarifas comerciais por 90 dias, Abrão avaliou que esse congelamento é um sinal positivo.
"Obviamente há muitos capítulos dessas conversas bilaterais entre EUA e China e esperamos que conduzam a um cenário mais previsível no comércio internacional geral", disse.
Nos 11 meses de 2018, houve elevação de 32 por cento das exportações de soja à China, a 25,8 bilhões de dólares. O embarque tem sido favorecido pela guerra comercial já que, em uma das várias retaliações que adotou, Pequim impôs em julho tarifa de 25 por cento sobre a soja dos EUA, respondendo a medidas do governo de Donald Trump de taxar importados chineses para forçar a revisão da pauta comercial e diminuir o déficit com o gigante asiático.
MÊS
Em novembro, as importações avançaram 28,3 por cento sobre igual mês do ano passado, pela média diária, a 16,860 bilhões de dólares. As exportações, por sua vez, tiveram alta de 25,4 por cento na mesma base, a 20,922 bilhões de dólares.
As importações tiveram como destaque a expansão de 170,2 por cento em bens de capital. Enquanto isso, as compras de bens intermediários subiram 15,7 por cento e as de combustíveis e lubrificantes, 12,6 por cento. Em contrapartida, as importações de bens de consumo caíram 7,1 por cento.
Já as exportações em novembro foram puxadas principalmente pela venda de básicos (+40,1 por cento), com manufaturados (+25 por cento) e semimanufaturados (4,5 por cento) aparecendo em seguida.
No grupo dos básicos, as vendas de soja subiram 145,8 por cento sobre o mesmo mês do ano passado, para 2 bilhões de dólares, com as vendas de petróleo em bruto subindo 103,6 por cento, a 1,8 bilhão de dólares.