SÃO PAULO (Reuters) - A agência de classificação de risco Moody's prevê que o Brasil volte a apresentar déficit primário em 2022, apesar da consolidação fiscal vista no ano passado, em meio a cenário de juros mais altos e crescimento em desaceleração.
"Esperamos que o Brasil tenha déficit primário de 1,6% e déficit fiscal de 5,9% do PIB em 2022", disse a Moody's em relatório com data de sexta-feira.
Segundo a agência, "a taxa Selic mais alta elevará o fardo de juros do governo e desafiará seu balanço fiscal, porque o custo médio de financiamento do governo acompanha de perto" os juros básicos.
O Banco Central elevou a taxa básica de juros em 1,5 ponto percentual, a 10,75% ao ano, em seu último encontro de política monetária. A mais recente pesquisa Focus da autarquia mostrou que os economistas projetam uma Selic ainda mais alta, em 11,75%, ao final de 2022.
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A Moody's afirmou no relatório que a forte performance fiscal do Brasil no ano passado vai apoiar o perfil de crédito do país, mas "esperamos que o peso da dívida suba novamente no ano que vem e que um déficit primário retorne devido ao crescimento fraco".
Em 2021, o setor público consolidado brasileiro registrou um superávit primário de 64,727 bilhões de reais, equivalente a 0,75% PIB, o primeiro resultado anual positivo em oito anos, informou o Banco Central na semana passada.
O Produto Interno Bruto do Brasil deve crescer 0,6% em 2022, de acordo com projeções da Moody's divulgadas em meados de dezembro passado.
(Por Luana Maria Benedito)