BRASÍLIA (Reuters) - A fatia de investidores estrangeiros na dívida pública do Brasil recuou em maio, em meio às recentes turbulências nos mercados financeiros por conta do cenário externo e eleições presidenciais de outubro.
Segundo informou o Tesouro Nacional nesta sexta-feira, a participação dos investidores estrangeiros na dívida mobiliária recuou a 11,96 por cento em maio, ante 12,28 por cento em abril, indo a 427,36 bilhões de reais.
Os fundos de investimentos também reduziram sua fatia no estoque da dívida no período a 26,93 por cento do total, contra 27,29 por cento. Os demais detentores praticamente não mudaram suas participações, com destaque para a Previdência, com quase 25 por cento do total.
O cenário externo ainda conturbado, somado a incertezas políticas internas, fez o Tesouro a partir de meados de maio atuar mais fortemente nos mercados, por meio de leilões extraordinários de venda e, sobretudo, compra de títulos públicos e cancelamento de leilões já programados.
O Tesouro afirmou ainda que os títulos prefixados seguiram com maior peso na dívida em maio, a 34,67 por cento do total, acima dos 34,44 por cento em abril, mas ainda dentro da meta de 32 a 36 por cento no ano.
Os títulos atrelados à taxa flutuante, como a Selic, encerraram o mês com 32 por cento do geral, em linha com o mês anterior. Para o ano, o objetivo é que esses papéis, representados pelas LFTs, respondam por 31 a 35 por cento da dívida pública federal.
Os títulos indexados à inflação, por sua vez, representaram 29,32 por cento da dívida total em maio, contra 29,73 por cento em abril, sendo que a referência para o ano é de 27 a 31 por cento.
O Tesouro informou ainda que dívida pública federal do Brasil saltou 1,59 por cento em maio sobre abril, a 3,717 trilhões de reais, enquanto que a dívida pública mobiliária interna cresceu 1,40 por cento, a 3,574 trilhões de reais.
Neste período, o estoque da dívida externa saltou 6,62 por cento por conta do câmbio, somando 142,97 bilhões de reais. Em maio, a moeda norte-americana acumulou valorização de 6,6 por cento frente ao real, a maior desde setembro de 2015 (+9,33 por cento), em meio a temores de que os Estados Unidos poderiam subir mais os juros do que o esperado, afetando assim o fluxo global de capitais.
O estoque total da dívida seguia abaixo do intervalo de 3,78 trilhões a 3,98 trilhões de reais estabelecido pelo Plano Anual de Financiamento (PAF) para 2018.
(Por Mateus Maia; Edição de Patrícia Duarte e Iuri Dantas)