Por Ana Carolina Siedschlag e Leandro Manzoni
Investing.com - Programas de crédito a empresas e de microcrédito que forem pensados para colocar dinheiro na economia brasileira sem gerar gasto fiscal são positivos e serão bem-vindos, disse o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em entrevista à GloboNews nesta terça-feira (17).
Campos Neto afirmou que o país precisa ganhar em termos de credibilidade para atrair investimentos externos que possam injetar recursos na economia e que isso só virá “se houver um acordo entre as autoridades em relação ao compromisso fiscal”, além das reformas.
“Lembrando que o Brasil tem enormes oportunidades de investimento e que para o investidor estrangeiro, é preciso ter a percepção de que há um rumo de disciplina fiscal e que existe uma organização para isso”, afirmou.
Alternativas para o fim do auxílio
Na última semana, Campos Neto e o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, teriam se reunido para discutir um programa de microcrédito a pessoas de baixa renda como uma das alternativas para o fim do auxílio emergencial, que expira no próximo mês, segundo relatou o Estado de S. Paulo, citando fontes.
A criação de um programa de transferência de renda em substituição ao auxílio emergencial, ou a possível prorrogação deste, tem estressado o mercado de juros futuros, especialmente pelo risco de propostas que possam romper o teto de gastos ou que tenham fontes heterodoxas de financiamento.
O governo chegou a nomear o programa de Renda Brasil com um auxílio de R$ 300 mensais, valor atual do auxílio emergencial. No entanto, o relator do projeto de lei no Congresso, o senador Márcio Bittar, recebeu uma chuva de críticas após propor uso de recursos destinados ao pagamento de precatórios e do Fundeb. Agora, Bittar busca construir consenso em um texto que prevê a criação do programa dentro da PEC Emergencial, que consiste no corte de gastos correntes do setor público quando o orçamento for ultrapassar o limite estabelecido pela regra de Ouro
Na véspera, o ministro da Casa Civil Onyx Lorenzoni disse que o novo programa será um Bolsa Família reformulado, sem novos recursos, de acordo com o que defende a equipe econômica. "Esse plano, no entanto, precisará vencer resistências no Congresso, que tende a aumentar a pressão por um programa maior", avalia a equipe de análise política da XP Investimentos.