Ceticismo com acordo pressiona taxas intermediárias e longas

Publicado 25.07.2025, 15:57
Atualizado 25.07.2025, 19:10
Ceticismo com acordo pressiona taxas intermediárias e longas

A poucos dias da entrada em vigor da tarifa de 50% dos EUA sobre produtos brasileiros, a percepção do mercado de que há poucas chances de um acordo com o governo americano que reverta o tarifaço provocou leve abertura da curva de juros na segunda etapa do pregão desta sexta-feira, 25, a partir dos vértices intermediários. Com as discussões dominadas pelo embate comercial, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15) de julho, divulgado hoje e ligeiramente acima do esperado, também chegou a fazer preço, mas foi deixado em segundo plano. As taxas mais curtas, por sua vez, seguiram rondando a estabilidade, ancoradas na expectativa de manutenção da Selic em 15% até o fim do ano.

Encerrados os negócios, a taxa do Contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) de janeiro de 2026 oscilou de 14,939% no ajuste de ontem para 14,930%. O DI de janeiro de 2027 passou de 14,231% no ajuste da véspera para 14,230%. O DI de janeiro de 2028 marcou 13,615%, vindo de 13,577% no ajuste antecedente, e o DI de janeiro de 2029 avançou de 13,518% no ajuste de quinta para 13,555%.

Na ponta mais longa da curva, o DI de janeiro de 2031 subiu de 13,785% no ajuste para 13,82%. O contrato do primeiro mês de 2033 fechou a sessão em 13,93%, de 13,905% no ajuste anterior.

Para Otávio Oliveira da Silva, gerente de tesouraria do banco Daycoval, os agentes anteciparam a precificação de que pode não haver qualquer tipo de acordo em torno da alíquota imposta pelos EUA, o que explica a leve piora da curva a termo na sessão de hoje. "Primeiro de agosto é praticamente amanhã e as negociações parecem não ter andado muito bem", disse. "Todo mundo está antecipando o que está se desenhando: tarifas mais salgadas".

Quem está à frente das negociações com Washington é o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento da Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, e até agora, elas parecem ter sido infrutíferas, porque não houve resposta dos EUA, diz Silva. Além disso, há muito ruído em torno dessas conversas, acrescenta, com integrantes da oposição tentando tratativas paralelas.

Diante do cenário de elevada incerteza, que abre espaço para especulações, o gerente de Tesouraria do Daycoval avalia que há margem para pressão adicional nas taxas dos DIs nos próximos dias, na medida em que os investidores buscam proteção. "Mas ainda não há nada 100% definido. No limite do limite, ainda tem uma possibilidade, mesmo que não se alcance um acordo, de uma prorrogação da tarifa, com extensão da rodada de negociações", ponderou.

Nesta sexta, 25, o presidente Lula declarou, durante cerimônia de anúncio de investimentos do PAC em Osasco (SP), que "todos os dias" Alckmin liga para algum representante do governo americano, empenhado em conversar sobre a tarifa, mas ninguém o retorna. A GloboNews apurou que a Casa Branca deve assinar na próxima semana uma ordem executiva com a justificativa legal para o tarifaço. Segundo autoridade do governo Trump, Washington avalia que o Executivo brasileiro não se engajou nas tratativas, nem fez ofertas atraentes.

Roberto Secemski, economista-chefe para Brasil do Barclays (LON:BARC), aponta que as comunicações diplomáticas entre os dois países ficaram tensas, enquanto as preocupações econômicas sobre a concretização da tarifa aumentam. "As negociações estão paralisadas, o que torna difícil prever qualquer desfecho em particular, desde uma possível extensão do prazo de 60 ou 90 dias até a imposição total de tarifas de 50% na próxima semana, ou algum nível intermediário com exceções para certos bens", observa.

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