Por Howard Schneider
WASHINGTON (Reuters) - Ao longo de seus 105 anos de história, o Federal Reserve mudou a política monetária em reação a quebras imobiliárias, guerras, bolhas financeiras e instinto das autoridades sobre para onde a economia avançava.
Mas o banco central dos Estados Unidos está agora abrindo caminho para sua primeira mudança provocada por tuítes, conforme as autoridades do Fed avaliam como o terreno mudou em 30 de maio, quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou no Twitter impor novas tarifas de importação sobre o México se o país não concordasse em conter o fluxo de imigrantes na fronteira.
A economia dos EUA não mudou muito nos dias seguintes. Mas as declarações de Trump assustaram os mercados financeiros de forma decisiva, e as ameaças para a economia global se tornaram tão palpáveis que um corte dos juros de ao menos 0,25 ponto percentual na reunião de 30 e 31 de julho do Fed é esperado.
Tal mensagem deve ser reforçada pelo chairman do Fed, Jerome Powell, quando ele der seu depoimento diante de um comitê do Congresso nesta quarta-feira.
"O Fed nunca decepcionou um mercado com expectativas tão fortes de ação", disse Joseph Lavorgna, economista-chefe da Natixis, em uma análise recente.
Com os investidores em contratos ligados à taxa de juros overnight calculando a probabilidade de uma redução dos juros em quase 100%, "seria sem precedentes para o Fed não cortar", escreveu Lavorgna.
Powell falará diante do Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Deputados às 11h (horário de Brasília) como parte de seu depoimento semestral ao Congresso.
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Quatro horas depois, o Fed divulgará a ata de sua última reunião de política monetária, quando autoridades avançaram na direção de um corte de juros já neste mês.
A ata deve mostrar como o pensamento do banco central mudou nos dias após a ameaça tarifária ao México e como a discussão foi moldada por outras preocupações, incluindo inflação fraca.
Powell retornará ao Congresso na quinta-feira para falar diante do Comitê Bancário do Senado.