Por Samuel Shen e John Ruwitch
XANGAI (Reuters) - A China cortou sua nova taxa de juros de referência de um ano pelo segundo mês consecutivo nesta sexta-feira, um passo do banco central para tentar reduzir os custos de empréstimos e apoiar a economia enquanto a guerra comercial entre o país e os Estados Unidos se arrasta.
Mas a medida foi muito mais branda do que as flexibilizações de política monetária do Federal Reserve (Fed) e do Banco Central Europeu (BCE) deste mês, sugerindo que os formuladores de política monetária da China continuam relutantes em se juntar a uma onda de estímulo global devido a preocupações com o aumento da dívida.
Ainda assim, analistas dizem que a restrição de Pequim está sendo posta à prova, já que a piora dos dados econômicos em agosto levantou temores de que o crescimento no terceiro trimestre poderia cair abaixo de 6%, aquém do limite inferior da meta do governo para 2019.
Com as tarifas mais altas dos EUA se aproximando, muitos observadores da China acreditam que medidas mais vigorosas serão necessárias em breve para evitar uma desaceleração mais acentuada.
Como amplamente esperado, a nova taxa de empréstimo prime (LPR, na sigla em inglês) da China caiu 5 pontos-base na definição mensal desta sexta-feira, para 4,2%, o segundo corte desde que foi reformulada em agosto e dias depois de a última redução pelo BC chinês dos depósitos compulsórios entrar em vigor.
Mas o aumento da atividade econômica deve ser leve. A taxa é para os melhores clientes dos bancos e as reduções totais até agora, de 11 pontos-base, são menos da metade do corte da taxa do Fed na quinta-feira, refletindo as preocupações de autoridades chinesas de que crédito muito mais barato poderia levar a investimentos improdutivos e bolhas no mercado imobiliário.
De fato, a taxa de referência de cinco anos, que provavelmente será usada para hipotecas, permaneceu inalterada em 4,85%.
"Como a nova taxa é relativamente não testada, o PBOC (Banco do Povo da China, o BC chinês) parece estar adotando uma abordagem calculada no início", disse em nota Julian Evans-Pritchard, economista sênior para a China na Capital Economics.
"No entanto, como a atividade econômica provavelmente sofrerá mais pressão nos próximos trimestres e a flexibilização monetária até agora não gerou uma recuperação considerável no crescimento do crédito, acreditamos que o PBOC precisará começar a projetar quedas maiores em breve."