Trump diz que só reduzirá tarifas se países concordarem em abrir mercados aos EUA
Investing.com — A confiança do consumidor nos Estados Unidos sofreu uma forte queda em abril, com o índice da Universidade de Michigan recuando 11% em relação a março. O resultado reflete o impacto crescente das tensões comerciais sobre as expectativas com relação à economia e à inflação.
De acordo com o levantamento, o Sentimento do Consumidor caiu para 50,8 pontos, ante 57,0 no mês anterior, bem abaixo da mediana das projeções, que apontava para 54,0. É o nível mais baixo desde o colapso da confiança observado em 2022. Em abril de 2024, o índice estava em 77,2.
LEIA TAMBÉM: Tarifas de Trump e o impacto na economia e na bolsa de valores
A piora, que já se estende por quatro meses consecutivos, foi observada entre eleitores de diferentes orientações políticas. Os entrevistados relataram deterioração nas expectativas quanto ao ambiente de negócios, finanças pessoais, renda futura e condições do mercado de trabalho.
Chamou atenção o aumento da parcela de consumidores que esperam maior desemprego nos próximos 12 meses, a quinta alta consecutiva dessa percepção. O número atual mais do que dobra o observado em novembro e já alcança o maior patamar desde 2009.
“Os consumidores estão identificando múltiplos sinais de alerta que elevam o risco de recessão”, afirmou Joanne Hsu, diretora da pesquisa na Universidade de Michigan.
Ao mesmo tempo, as expectativas de inflação para os próximos 12 meses saltaram para 6,7%, ante 5,0% em março, maior nível desde 1981, período marcado por choques de preços globais.
O levantamento, contudo, foi conduzido entre os dias 25 de março e 8 de abril, ou seja, antes do anúncio do presidente Donald Trump sobre a flexibilização parcial de sua política tarifária. Após a reação negativa dos mercados à imposição de tarifas elevadas sobre diversos países e à correção acentuada nos preços de ativos, a Casa Branca optou por adiar em 90 dias a maioria das novas tarifas.
Ainda assim, as tarifas universais de 10% foram mantidas, assim como as taxações específicas sobre aço, alumínio e alguns veículos. Mais relevante foi a exclusão da China do adiamento: Trump decidiu intensificar a escalada contra Pequim, elevando as tarifas para 145%, enquanto o governo chinês respondeu com uma tarifa de 125% sobre os EUA.
A intensificação da guerra comercial e os sinais de fragilidade no consumo elevam a incerteza sobre os rumos da economia norte-americana, num momento em que o mercado já debate a possibilidade de uma recessão mais ampla.