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Consumo e construção civil puxam o PIB do 3º tri, projetam economistas

Publicado 02.12.2019, 17:44
Atualizado 02.12.2019, 17:47
© Reuters.
BIDI4
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Por Leandro Manzoni

Investing.com - A economia brasileira ganhou tração e força no 3º trimestre, mas a recuperação continua lenta e gradual, de acordo com economistas consultados por Investing.com Brasil. Consumo das famílias, serviços e construção civil devem ser os carros-chefes da expansão entre julho e setembro, cujos números serão divulgados nesta terça-feira (3) de manhã pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE).

Dos quatro economistas ouvidos pelo Investing.com Brasil, três estimam crescimento de 0,5% sobre o segundo trimestre e 1% em comparação ao mesmo trimestre do ano passado. Apenas uma economista projeta uma expansão de 0,4% sobre os três meses anteriores e 0,9% de alta interanual. Se confirmados estes números, será o segundo trimestre seguido de crescimento, após expandir 0,4% no segundo trimestre e retrair 0,2% nos primeiros três meses do ano.

Revisão dos números

“[Mas] deve haver descompasso com o consenso quando chegar a divulgação do resultado, com a revisão das contas anuais desde 2018, trazendo imprecisão que dificulta a estimativa”, alerta Fabio Ramos, economista do UBS, que prevê expansão trimestral de 0,5% e interanual de 1%.

“Todos os terceiros trimestres têm nova divulgação de contas. Já saiu revisão de 2017, que mostrou PIB com crescimento mais forte de 1% para 1,3%. Não sabemos impactos sobre 2018-19, se mais forte ou mais fraco, e vice-versa, mas não muda histórico do PIB”, avalia Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro do FGV Ibre e pesquisadora da área de Economia Aplicada do FGV Ibre. O Ibre prevê uma alta de 0,4% no PIB trimestral e 0,9% no anual.

Componentes que puxaram o PIB

“Os destaques do PIB foram consumo e construção civil, impulsionados pela queda da taxa de juros”, aponta Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter, que também prevê expansão trimestral de 0,5% e anual de 1% e ressalta a expansão do crédito propiciada pelos três cortes da taxa Selic desde julho pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. A alta nas concessões de crédito estimulou os investimentos no setor imobiliário e o aumento dos gastos das famílias, que também se beneficiaram com a liberação do saque em até R$ 998 do FGTS.

Já Carlos Pedroso, economista sênior do Banco MUFG Brasil, avalia que a melhora do consumo das famílias vai além do saque do FGTS e da queda da taxa de juros. “O crescimento decorre de outros fatores, como a melhora gradual do mercado de trabalho”, diz o economista, que prevê alta do PIB trimestral de 0,5% e de 1% no anual. Além disso, Pedroso aponta desempenho positivo do setor de serviços do lado da oferta, com a demanda das lojas um pouco melhor do que no ano passado, além da retomada do setor imobiliário por enquanto no Estado de São Paulo, que reflete nos investimentos.

Setores com desempenho insatisfatório

“Mas outros segmentos não estão bem”, alerta Matos do FGV Ibre. “A indústria de transformação vai mal este ano, que depende do setor externo. Demanda doméstica ainda está cobrindo”, avalia a economista. O Ibre projeta queda trimestral de 0,2% e de 0,3% no interanual para a indústria entre julho e setembro, enquanto os investimentos devem subir, respectivamente, 1,5% e 2,1%.

“O setor extrativo-mineral continua sofrendo com os efeitos negativos da tragédia de Brumadinho (MG)”, afirma Vitória do Banco Inter. Pedroso do Banco MUFG Brasil avalia que o PIB poderia estar crescendo 1,2% caso não tivesse ocorrido a tragédia da barragem em Minas Gerais no início do ano e 1,4% se a Argentina tampouco estivesse em crise. O país vizinho é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil e maior comprador de produtos industriais do país.

Com isso, o setor externo tampouco contribuiu para o crescimento da atividade econômica no período. “Exportação não é grande drive de crescimento”, aponta Ramos do UBS, sobre a queda das exportações e do preço das commodities vendidas pelo Brasil, além do aumento da importação em função do crescimento econômico.

Outro componente que deve contribuir para alta do PIB no período é os gastos do governo, quem têm peso de 20% na economia. “Gastos do governo não têm como contribuir como no passado, com os cortes de despesas e arrecadação mais fraca, além do ajuste fiscal, mas que possibilita queda dos juros”, avalia Vitória do Banco Inter (SA:BIDI4). “Peso dos gastos do governo está diminuindo desde 2015”, ressalta Matos do Ibre.

Estimativas para 2019 e 2020

Os quatro economistas consultados pelo Investing.com Brasil estão com projeção maior para o PIB de 2019 do que a média apresentada pelo último Boletim Focus divulgado hoje, de 0,99%. As estimativas para este ano do Banco Inter e do FGV Ibre são de 1,1%, enquanto UBS projeta um crescimento de 1% com probabilidade alta de ser 1,1%.

Já para o ano que vem, UBS e Banco Inter projetam crescimento de 2,5%, Banco MUFG Brasil entre 2,3% e 2,5% e o FGV Ibre de 2%, porém com riscos de não se concretizar devido às incertezas globais e queda da taxa do desemprego por meio de trabalho informal e com salário mais baixos.

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