Contra alta de preços de alimentos, Lula sugere boicote a produtos caros

Publicado 07.02.2025, 04:20
Atualizado 07.02.2025, 07:40
© Reuters Contra alta de preços de alimentos, Lula sugere boicote a produtos caros

Acossado pelo aumento de preços dos alimentos nos últimos meses, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu nesta quinta-feira, 6, para que os consumidores deixem de comprar produtos que estejam muito caros. Segundo ele, isso funcionaria como uma forma de pressão para reduzir os preços e ajudar a controlar a inflação.

"Uma das coisas mais importantes para a gente poder controlar o preço é o próprio povo. Se você vai ao supermercado e desconfia que tal produto está caro, você não compra", afirmou Lula, em entrevista às rádios Metrópole e Sociedade, da Bahia. "Se todo mundo tiver consciência e não comprar aquilo que acha que está caro, quem está vendendo vai ter de baixar para vender, porque, senão, vai estragar."

A alta de preços dos alimentos já pesa na popularidade de Lula, segundo pesquisa divulgada pela Quaest na semana passada. Oito em cada dez entrevistados disseram ter percebido aumentos de valores no último mês.

Lula disse ainda estar "trabalhando com muito afinco para solucionar o preço dos alimentos" e adiantou que na próxima semana terá reunião com produtores de carne e de arroz para discutir o assunto. "Comida barata na mesa do trabalhador é algo que estamos perseguindo."

Como o Estadão noticiou, emissários do presidente já têm questionado representantes de setores produtores de óleo de soja e milho sobre aumentos de preços registrados desde 2024. No fim de janeiro, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, chegou a dizer que o governo avaliaria a redução de tarifas de importação de alguns alimentos para tentar frear as remarcações de preços no País - proposta recebida com ceticismo por especialistas.

Um dia antes da declaração feita por Costa, o ministro Fernando Haddad, da Fazenda, havia afirmado que sua equipe vai trabalhar para reduzir os custos do vale-alimentação e do tíquete refeição, e descartou subsídios ou redução de impostos.

Um levantamento da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP) indica que os brasileiros de menor renda estão pagando a maior parte da conta da disparada da inflação de alimentos. O custo de vida das famílias das classes E e D, com renda de até três salários mínimos (R$ 4.554), subiu 5,14% no ano passado na Região Metropolitana de São Paulo, superando a média da inflação dos paulistanos como um todo no período, que foi de 4,97%.

Na avaliação de economistas, esse quadro poderia mudar com a entrada da safra recorde de grãos neste ano e com a queda recente do dólar, depois da disparada registrada no ano passado - quando a moeda americana chegou ao patamar de R$ 6,30.

’Arapuca’

Ainda na entrevista, Lula defendeu que o agronegócio brasileiro produza mais alimentos para que o preço da comida seja barateado. E negou qualquer possibilidade de fazer um congelamento de preços para evitar novos aumentos. "Temos de ver o que fazer para garantir que a cesta básica caiba no orçamento do povo com certa flexibilidade", disse o presidente.

Ele repetiu que a inflação nos seus dois primeiros anos de governo foi menor que no governo de Jair Bolsonaro e que, apesar de a economia viver "seu melhor momento", as cotações do dólar ainda são fator de preocupação para o governo.

Nesse ponto, voltou a criticar a antiga gestão do Banco Central, sob o comando de Roberto Campos Neto. Segundo Lula, Campos Neto teve uma gestão "totalmente irresponsável" e deixou "uma arapuca que a gente não pode desmontar de uma hora para a outra", em referência à trajetória da taxa de juros.

"O problema sério é que tivemos um aumento do dólar porque a gente teve um Banco Central totalmente irresponsável, que deixou uma arapuca que a gente não pode desmontar de uma hora para a outra. A gente não pode dar um cavalo de pau em um navio do tamanho do Brasil", disse Lula, poupando o novo presidente do BC, Gabriel Galípolo, de qualquer crítica.

Imposto de renda

Lula disse ainda "ter certeza" de que o Congresso vai aprovar projeto que aumenta a faixa de isenção do Imposto de Renda para as pessoas que ganham até R$ 5 mil. A proposta ainda não foi enviada para a análise do Legislativo.

"Vamos dar entrada, fazer as coisas funcionarem. Prometi isso durante a campanha (eleitoral), durante o primeiro e segundo anos (de mandato). A gente vai apresentar essa proposta e tenho certeza de que a Câmara e o Senado aprovarão, porque todo mundo está preocupado com a melhoria da qualidade de vida do povo brasileiro", disse ele.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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