(Corrige o título para agosto, em lugar de julho)
SÃO PAULO (Reuters) - A prévia da inflação oficial brasileira desacelerou em agosto, diante da queda dos preços nos Transportes, mas em 12 meses ampliou a força e foi acima de 9,5 por cento, maior patamar em quase 12 anos, mesmo diante da economia em recessão e intenso aperto monetário feito pelo Banco Central.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) subiu 0,43 por cento em agosto, contra avanço de 0,59 por cento em julho, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira.
No acumulado dos últimos 12 meses, o IPCA-15 registrou alta de 9,57 por cento, acelerando em relação aos 9,25 por cento acumulados em 12 meses até julho, e no maior patamar desde dezembro de 2003 (9,86 por cento). Os resultados vieram em linha com as expectativas em pesquisa da Reuters com analistas.
Segundo o IBGE, o grupo Transportes foi o grande responsável pela desaceleração mensal, com queda nos preços de 0,46 por cento, com destaque para as passagens aéreas (-25,06 por cento).
O grupo Alimentação e bebidas também ajudou, com a alta dos preços desacelerando a 0,45 por cento neste mês, contra 0,64 por cento em julho. Mesmo assim, foi o segundo maior impacto do IPCA-15, de 0,11 ponto percentual.
Os preços das tarifas de energia elétrica continuaram pesando no bolso, com alta de 2,60 por cento, levando o grupo Habitação a ter o maior impacto no índice, com 0,16 ponto percentual.
O BC vem sinalizando que não pretende voltar a aumentar a taxa básica de juros, atualmente em 14,25 por cento, porque considera que a convergência da inflação para o centro da meta em 2016 tem se fortalecido e os riscos desse cenário são "condizentes com efeitos acumulados e defasados da política monetária". A meta é de 4,5 por cento pelo IPCA, com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos.
O atual ciclo de aperto monetário começou em outubro passado e elevou a Selic em 3,25 ponto percentual, levando-a ao maior patamar em nove anos.
O próprio presidente do BC, Alexandre Tombini, afirmou que a inflação vai atingir o seu pico neste trimestre e permanecerá elevada até o fim do ano, "para depois iniciar trajetória de queda".
A pesquisa Focus do BC, que ouve semanalmente uma centena de economistas, aponta que o IPCA deve fechar 2015 a 9,32 por cento --estourando a meta de inflação deste ano-- e recuar a 5,44 por cento em 2016. O levantamento mostra que o Produto Interno Bruto (PIB) deve encolher 2,01 por cento neste ano e 0,15 por cento no próximo.
Veja abaixo a variação dos grupos na comparação entre
julho e agosto:
Grupo Julho Agosto Impacto
(%) (%) (p.p.)
Alimentação e Bebidas +0,64 +0,45 0,11
Habitação +1,15 +1,02 0,16
Artigos de Residência +0,47 +0,73 0,03
Vestuário -0,06 +0,01 0,00
Transportes +0,14 -0,46 -0,08
Saúde e Cuidados Pessoais +0,80 +0,83 0,09
Despesas Pessoais +0,83 +0,73 0,08
Educação +0,10 +0,78 0,04
Comunicação +0,59 +0,11 0,00
Índice Geral +0,59 +0,43 0,43
(Por Patrícia Duarte)