Por Lucia Mutikani
WASHINGTON (Reuters) - A economia dos Estados Unidos deve ter crescido no ritmo mais lento em mais de dois anos no segundo trimestre, uma vez que a aceleração dos gastos dos consumidores foi provavelmente compensada por exportações e investimento empresarial fracos.
A moderação esperada do crescimento acontece diante de um cenário de aumento de riscos para as perspectivas econômicas, especialmente da guerra comercial com a China e da desaceleração do crescimento global, que devem encorajar o Federal Reserve a cortar a taxa de juros na próxima quarta-feira pela primeira vez em uma década.
Com o forte mercado de trabalho sustentando os gastos do consumidor, uma recessão, entretanto, não está no horizonte. O Departamento do Comércio publicará o relatório do Produto Interno Bruto no segundo trimestre nesta sexta-feira, às 9h30 (horário de Brasília).
O PIB provavelmente cresceu a uma taxa anualizada de 1,8% no segundo trimestre, também devido a um acúmulo menor de estoques, de acordo com pesquisa da Reuters junto a economistas, depois de saltar 3,1% no período entre janeiro e março.
O relatório favorável do Departamento do Comércio provavelmente não impedirá que o Federal Reserve corte os juros na próxima quarta-feira pela primeira vez em uma década, dado o aumento dos riscos para as perspectivas econômicas, especialmente da guerra comercial entre EUA e China.
Apesar da leitura melhor do que o esperado do PIB, os investimentos empresariais contraíram pela primeira vez desde o início de 2016 e o investimento imobiliário contraiu pelo sexto trimestre seguido. O chairman do Fed, Jerome Powell, apontou neste mês as duas áreas como pontos de fraqueza na economia.
Mas os sinais de robustos gastos dos consumidores, junto com um mercado de trabalho forte, diminuem ainda mais as expectativas de um corte de juros de 0,50 ponto percentual, e podem levantar dúvidas sobre mais afrouxamento monetário neste ano.
A economia vem desacelerando conforme diminui o estímulo do pacote de cortes de impostos da Casa Branca. Os cortes de impostos junto com mais gastos do governo e desregulação fizeram parte das medidas adotadas pelo governo de Donald Trump para impulsionar o crescimento econômico anual a 3,0% de forma sustentada.
A economia cresceu 2,9% em 2018 e a expectativa para este ano é de expansão de cerca de 2,5%. Economistas estimam a velocidade com que a economia pode crescer por um longo período sem acelerar a inflação entre 1,7% e 2,0%.
O relatório do PIB mostrou aceleração na inflação no trimestre passado. A medida acompanhada pelo Fed subiu a uma taxa de 1,8% no trimestre passado, pouco abaixo da meta de 2%.
O crescimento dos gastos dos consumidores, que respondem por mais de dois terços da atividade econômica dos EUA, saltou 4,3% no segundo trimestre, ritmo mais forte desde o quarto trimestre de 2017 e ante 1,1% nos três primeiros meses do ano.
Esse salto ajudou a compensar parte da fraqueza nas exportações, que caíram 5,2% no trimestre passado, em uma reversão do forte ritmo visto no primeiro trimestre.