Por Lucia Mutikani
WASHINGTON (Reuters) - A criação de vagas de trabalho nos Estados Unidos desacelerou em novembro e os salários subiram menos que o esperado, sugerindo alguma moderação na atividade econômica que pode dar sustentação às expectativas de menos aumentos da taxa de juros pelo Federal Reserve em 2019.
O relatório mensal de emprego foi divulgado pelo Ministério do Trabalho nesta sexta-feira diante de um pano de fundo de intensas vendas generalizadas em Wall Street e parcial inversão da curva de rendimentos dos títulos dos EUA, o que provocou temores de uma recessão.
As ações foram afetadas pela incerteza sobre se a trégua de 90 dias acertada pelos presidentes dos EUA, Donald Trump, e da China, Xi Jinping, vai se manter e se levará a um alívio nas tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo.
Foram criados 155 mil vagas de trabalho no mês passado, com as empresas de construção contratando o menor número de funcionários em oito meses, provavelmente por causa de temperaturas frias atípicas.
A moderação no ritmo de contratação em novembro pode ser resultado em parte de uma escassez de trabalhadores qualificados. Mas o resultado também se encaixa com outros dados que mostraram um aumento nas demissões nas últimas semanas e um declínio em uma medida de emprego no setor de serviços em novembro.
Os dados de setembro e outubro foram revisados e mostraram 12 mil vagas a menos do que o informado anteriormente.
Economistas consultados pela Reuters previam abertura de 200 mil postos de trabalho em novembro. A taxa de desemprego permaneceu inalterada perto da mínima de 49 anos de 3,7 por cento.
A renda média por hora aumentou seis centavos, ou 0,2 por cento em novembro, depois de subir 0,1 por cento em outubro. Isso deixou o aumento anual dos salários em 3,1 por cento, igualando o salto de outubro, que foi o maior ganho desde abril de 2009.
As empresas também reduziram as horas de trabalho dos funcionários. A semana média de trabalho caiu para 34,4 horas, de 34,5 horas em outubro. O relatório de emprego pode aumentar os temores sobre a saúde da economia e diminuir a probabilidade de o Fed aumentar a taxa de juros mais de uma vez no próximo ano.
Os mercados financeiros estão precificados em um aumento de taxa do Fed em 2019, em comparação com as expectativas de possíveis dois aumentos de juros no mês anterior, de acordo com o programa FedWatch do CME Group. O banco central dos EUA deve aumentar os custos dos empréstimos entre 18 e 19 de dezembro pela quarta vez este ano.
O chairman do Fed, Jerome Powell, pareceu sinalizar no mês passado que o ciclo de três anos de elevação de juros do banco central estava chegando ao fim, dizendo que os juros estão agora "logo abaixo" das estimativas de um nível que não resfria nem estimula uma economia saudável.
A ata da reunião de política monetária de novembro do Fed, divulgada na semana passada, mostrou que quase todas as autoridades concordaram que outro aumento de juros "provavelmente será garantido em breve", mas também abriu um debate sobre quando fazer mais elevações.
Os ganhos salariais foram moderados, apesar da Amazon.com (NASDAQ:AMZN) ter aumentado o salário mínimo de seus funcionários dos EUA para 15 dólares por hora no mês passado.
As previsões de crescimento para o quarto trimestre estão em torno de uma taxa anualizada de 2,7 por cento. A economia cresceu a um ritmo de 3,5 por cento no terceiro trimestre.
A criação de vagas de empregos tem crescido em 170 mil em média nos últimos três meses. A economia precisa criar cerca de 100 mil vagas por mês para acompanhar o crescimento da população em idade ativa. A criação de novas vagas de emprego pode desacelerar ainda mais nos próximos meses. O número de norte-americanos que pediram auxílio-desemprego está próximo de seu maior nível em oito meses. 2018-12-07T140137Z_1_LYNXMPEEB60Z8_RTROPTP_1_AMAZON-COM-JOBS.JPG