Antecipação de importações antes de tarifaço impulsiona déficit comercial dos EUA a nível recorde

Publicado 29.04.2025, 10:14
Atualizado 29.04.2025, 12:06
© Reuters. Porto de Los Angeles, EUAn15/09/2015. REUTERS/Lucy Nicholson

Por Lucia Mutikani

WASHINGTON (Reuters) - O déficit comercial de bens dos Estados Unidos atingiu um recorde em março, à medida que empresas intensificaram esforços para importar mercadorias antes das tarifas do presidente Donald Trump, sugerindo que o comércio foi um grande obstáculo ao crescimento econômico no primeiro trimestre.

Embora alguns dos produtos importados tenham acabado em armazéns de atacadistas, economistas disseram que isso não atenuaria o impacto previsto no Produto Interno Bruto (PIB) decorrente da deterioração do déficit comercial. O relatório do Departamento do Comércio divulgado nesta terça-feira mostrou que os estoques no atacado apresentaram forte aumento no mês passado.

O governo deve publicar sua estimativa antecipada do PIB para o trimestre de janeiro a março na quarta-feira, que coincidirá com os 100 dias de Trump no cargo. Economistas preveem que o crescimento econômico tenha praticamente paralisado, conforme a posição de Trump em relação às tarifas, em constante mudança, semeou confusão e incerteza entre as empresas, dificultando o planejamento para o futuro.

Economistas estimaram que o comércio pode ter subtraído até 1,9 ponto percentual do PIB no último trimestre.

O déficit no comércio de bens aumentou 9,6% em março, para US$162 bilhões, o maior já registrado, informou o Departamento de Comércio.

As importações de bens aumentaram US$16,3 bilhões, atingindo um recorde histórico de US$342,7 bilhões. Essas importações foram impulsionadas por um aumento de 27,5% nas importações de bens de consumo. Houve também aumentos sólidos nas importações de veículos automotores e bens de capital. Já as importações de insumos industriais caíram 13,5%. As importações de alimentos caíram, assim como as de outros bens.

Economistas alertaram que as importações podem exagerar muito uma desaceleração econômica prevista para o crescimento do PIB no trimestre de janeiro a março.

EXPORTAÇÕES AUMENTAM

As exportações de bens aumentaram US$2,2 bilhões, para US$ 180,8 bilhões em março, impulsionadas por embarques de veículos automotores, alimentos e suprimentos industriais.

As exportações de bens de capital e de consumo, contudo, diminuíram. Embora um dólar mais fraco seja favorável às exportações, os ganhos podem ser limitados pela imposição de tarifas retaliatórias sobre produtos fabricados nos EUA por outros países.

Parte das importações do mês passado foi parar nos armazéns, à medida que as empresas buscavam estocar. Os estoques de produtos no atacado aumentaram 0,5%, refletindo fortes aumentos nos estoques de bens manufaturados e não duráveis.

Isso seguiu um ganho semelhante em fevereiro. Mas os estoques do varejo caíram 0,1%, igualando a queda de fevereiro. Eles foram pressionados por uma queda de 1,1% nos estoques em concessionárias de veículos automotores e peças. Excluindo veículos automotores e peças, os estoques do varejo subiram 0,4% após alta de 0,1% em fevereiro. Essa medida entra no cálculo do PIB.

Uma pesquisa da Reuters com economistas previu que o PIB crescerá a uma taxa anualizada de 0,3%, que seria a mais baixa desde o segundo trimestre de 2022. A pesquisa foi concluída antes dos dados de estoque e comércio de bens.

Os riscos já estavam inclinados para baixo. O Federal Reserve de Atlanta prevê uma queda de 0,4% no PIB após ajustes para importações e exportações de ouro.

Além das importações, a incerteza causada pela política tarifária frequentemente caótica do governo Trump, que mergulhou os Estados Unidos em uma guerra comercial prejudicial com a China, também provavelmente impactou negativamente o crescimento no último trimestre.

A economia cresceu a um ritmo de 2,4% no quarto trimestre de 2024.

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