SÃO PAULO (Reuters) - A demanda das pequenas empresas no país por empréstimo, assim como o interesse delas por investimentos caíram em setembro, refletindo o cenário econômico adverso e as altas taxas de juros, informou nesta quarta-feira a empresa de informações de crédito SPC Brasil.
No mês passado, o indicador da entidade que mede a disposição dessas companhias a tomar financiamento atingiu 11,1 pontos. Em agosto, o indicador tinha apontado 13,85 pontos.
O levantamento também apontou recuo na intenção dessas companhias de investir, com o indicador desse segmento apontando 26,6 pontos no mês passado, ante 29,6 pontos em agosto.
A pesquisa ouviu 800 empresas com até 49 empregados em todo o país. A escala vai de zero a 100, subindo quanto mais cresce a disposição do empresário tomar crédito e investir.
Segundo a economista-chefe da SPC Brasil, Marcela Kawauti, os números mostram um cenário bastante pessimista, dado contexto de recessão, juros altos e a própria debilidade financeira das próprias companhias.
"Esse quadro tem impactado na confiança dos empresários e nos planos de expansão dos negócios", disse ela à Reuters.
A percepção de acesso mais difícil a crédito de certa forma é agravada, explica ela, porque muitas companhias buscam financiamento já para pagar dívidas.
"É uma espiral negativa; como as empresas já estão endividadas, tentam buscar novos empréstimos mais caros para pagar dívidas vencidas", disse.
Reforçando o quadro, na semana passada, fonte graduada do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) afirmou à Reuters que o banco está se aproximando do final do ano sem praticamente receber novos pedidos de financiamento.
REGISTRO DE INADIMPLÊNCIA
A SPC Brasil, que também divulga dados sobre inadimplência, alguns deles em parceria com a Serasa Experian (L:EXPN), pode ter as próximas leituras comprometidas pelos efeitos da lei paulista que dificulta a inclusão de devedores nos cadastros de calotes.
A lei estadual 15.659 obriga o envio de correspondência com Aviso de Recebimento para devedores em atraso, e não mais uma correspondência simples. Se o devedor não responder a carta, a alternativa do credor é levar a dívida a protesto em cartório.
Com isso, a Serasa anunciou na véspera a suspensão dos levantamentos sobre inadimplência.
"Isso vai prejudicar as próximas leituras da SPC sobre inadimplência", disse Marcela, explicando que o número de calotes têm crescido mais entre empresas do que nas pessoas físicas nos últimos meses. A SPC ainda não decidiu se manterá as pesquisas sobre inadimplência.
A companhia divulgou na semana passada que cerca de 57 milhões de pessoas físicas no Brasil estão com compromissos financeiros em atraso, o que equivale a cerca de 40 por cento das pessoas com idade entre 18 e 94 anos.
(Por Aluísio Alves)