A demanda por bens industriais no Brasil teve queda de 1,6% entre janeiro e fevereiro deste ano, de acordo com o indicador mensal de Consumo Aparente (CA) de Bens Industriais divulgado hoje (6) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O indicador mede, em termos gerais, os bens industriais que permaneceram no país, sendo ofertados tanto no varejo quanto atacado e também usados como insumos para a produção de outros bens. O cálculo inclui tanto aquilo que foi produzido pelo Brasil e não foi exportado quanto o que foi importado pelo país.
Os dados divulgados hoje mostram que ambos os componentes do indicador recuaram no mês. A produção doméstica líquida de exportações, ou seja, o que foi produzido e ficou no mercado interno, recuou 1,2%. Já as importações de bens industriais caíram 2,8%.
A queda foi puxada principalmente pelos alimentos, que tiveram uma redução de 4,4% em relação a janeiro. Os produtos de fumo e os serviços de impressão e reprodução de gravações também recuaram 6,9% e 13,4%, respectivamente.
No geral, o estudo mostra que houve crescimento em 11 dos 22 segmentos da indústria de transformação analisados. Os que mais contribuíram foram os segmentos de químicos, com alta de 5,8%, e de máquinas e equipamentos, com expansão de 2,6%.
Para o coordenador da pesquisa, Leonardo Carvalho, a queda registrada em fevereiro foi pontual e não indica uma interrupção na recuperação econômica verificada até o momento. "Às vezes, ocorrem pequenas quedas pontuais, mas o importante é ter sempre o cuidado de analisar a tendência desse indicador. Até agora, a tendência é de crescimento, apesar de ter um mês ou outro com queda", disse.
Crescimento no ano
Apesar da variação mensal ser negativa, quando considerada a variação trimestral, verifica-se um aumento de 1,2% no consumo de bens industriais. A variação considerando o período de um ano também é positiva, de 4,5%. O patamar anual é inclusive superior ao verificado em fevereiro de 2017.
De acordo com o Ipea, tomando por base o resultado acumulado em 12 meses, a demanda por bens industriais, que teve um aumento de 4,1%, segue registrando ritmo de crescimento mais intenso que o apresentado pela produção doméstica, que aumentou 2,9%, de acordo com a Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na avaliação do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, isso é um sinal "de que a atividade industrial está aquecida e que a economia está demandando tanto os bens industriais produzidos no país quanto os bens importados”.