Por Paul Carrel e Rene Wagner
BERLIM (Reuters) - O sentimento em relação aos negócios na Alemanha subiu em setembro pela primeira vez em seis meses, mas a maior economia da Europa provavelmente ainda está entrando em recessão, à medida que a guerra comercial e o Brexit prejudicam o país, disse o instituto econômico Ifo nesta terça-feira.
O índice de clima de negócios do Ifo subiu para 94,6 em setembro, de 94,3 em agosto, quebrando um ciclo de cinco quedas consecutivas. A leitura de setembro superou uma previsão de consenso de 94,4.
"A crise está dando uma pausa", disse o presidente do Ifo, Clemens Fuest, em comunicado. Mas ele acrescentou: "No setor manufatureiro, o clima de negócios tem apenas uma direção: para baixo".
A economia da Alemanha, com dependência de exportações, está sofrendo com um crescimento global mais lento e incerteza nos negócios causada pelas políticas comerciais 'América Primeiro' do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e pela saída planejada, mas atrasada, do Reino Unido da União Europeia (UE).
O índice de condições atuais do Ifo subiu para 98,5, ante 97,4 em agosto, mas o índice de expectativas caiu para 90,8, em relação a 91,3.
O economista do Ifo Klaus Wohlrabe disse que a economia alemã deve recuar novamente no terceiro trimestre.
Isso a colocaria em recessão --geralmente definida como um período de pelo menos dois trimestres consecutivos de contração --, depois de o PIB alemão ter encolhido 0,1% no segundo trimestre.
"Este não é o começo de uma mudança de tendência", disse Wohlrabe sobre a leitura geral mais firme do sentimento desta terça-feira. "A desaceleração está apenas dando um tempo", disse ele à Reuters, acrescentando que não há sinais de melhora na indústria alemã.
Falando imediatamente após a divulgação dos dados do Ifo, o ministro da Economia da Alemanha, Peter Altmaier, disse que a dinâmica de crescimento do país se deteriorou, mas insistiu: "Não estamos em recessão".
Boa parte do futuro da economia alemã está ligada a fatores fora de seu controle: crescimento global mais fraco, desenvolvimentos no conflito comercial EUA-China e a questão de saber se o Reino Unido pode conseguir uma saída ordenada da União Europeia.